Capítulo 4

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Continuava trancado naquela gaiola gelada e escura, aguardando uma resposta, mesmo até sendo uma sobrenatural.

Mas eu já não aguentava mais, portanto era só esperar a morte bater à porta...

Não quero mais me redimir e falar na dor presente, que me vai acompanhar na alma, até ao último minuto, último segundo da minha vida.

Agora está na hora de me lembrar de tudo de bom que já me ocorreu no meu curto período de vida.

Flashback On (1)

Mãe: Corre! Corre João!

Pai: Meu bebê! Eu não vou te deixar morrer meu pequeno amor.

Mãe: RÁPIDO!

Pai: Bom dia, este cão que comprei numa petshop está, não sei, está a fazer um liquido amarelo! — fala num tom aflito.

Veterinária: Bem, esse liquido amarelo pode me mostrar, caso que tenha guardado para nós examinarmos.

Mãe: Sim guardei, não sabia o que podia pedir mais tarde. — procura dentro da sua mala branca o frasco com o tal liquido amarelo — aqui! — fala entregando o frasco à veterinária.

Veterinária: Obrigado! Mas já agora, quando você comprou o cão?

Pai: À 5 minutos atrás, eu vivo em frente a este veterinário.

Veterinária: Pois, então qual é a vossa preocupação, ou a anomalia encontrada à primeira vista por vocês, ao olhar para este liquido? — fala contendo um riso.

Mãe: O próprio liquido! O meu cão acaba de expelir um líquido! — fala formando um escândalo​ fazendo algumas pessoas prestarem atenção à cena.

Veterinária: Mantenha a calma! Este liquido estranho, seguindo a sua teoria, na verdade, não é estranho, estranho seria se o seu cão não o fizesse. Este líquido é super normal...

Pai: Mas o que é, porra!

Veterinária: Urina...

Mãe: E o que é isso? — fala num tom alto com preocupação.

Veterinária: Xixi, numa fala comum.

Pai & Mãe: O QUÊ?

Veterinária: Isso mesmo.

Pai: Espera, os cães fazem xixi?

Mãe: E cocó?

Veterinária: Fazem ambos...

Mãe & Pai: Pois... — falam colando seu olhar em mim.

Ambos começam a correr comigo, atravessam a passadeira e a mãe abre a porta, entrando naquele edifício.

Fiquei a refletir... Como possível não saberem que cães fazem xixi?

Cruz credo...

Flashback Off (1)

Flashback On (2)

Pessoa: Mas você devia ter adotado um cão num canil.

Mãe: Ok, eu compreendo, pagar para ter um cão, é errado, mas...

Pessoa: Mas nada...

Pai: DESCULPE...

Pessoa: Desculpe nada...

Mãe: Ou tu calas-te!

Pessoa: Ou tu calas... — solto-me da trela e corri até aquela pessoa chata.

Mordo a sua canela e de seguida ela dá um grito histérico... Coloca a mão na canela e eu levanto a pata e faço um pequenino xixi na sua mão...

... foi só para hidratar ...

A mulher olha-me com raiva e eu
ladro, mostrando os meus caninos que estão bem preparados para mais uma mordida.

Aquela pessoa começa a correr disparada e eu e os meus pais começam a gargalhar.

Eu, todo convencido, ladro, e os meus donos passam a sua mão pelo meu pelo.

Flashback Off (2)

É... é verdade... eu também já fui feliz, durante um curto tempo da minha vida, mas agora, estou a sofrer.

Realmente o coração aperta, com a saudade intensa dos meus pais.

Retiram o pano, que anteriormente tapava a gaiola, e encaro uma luz muito forte, penetrando os meus olhos.

Fecho os meus olhos, pela intensidade máxima da luz... Ali, tinha a certeza que era o meu fim...

Ouço várias pessoas na minha volta...

O meu coração palpita fortemente, e eu estava também a desistir...

Sim, eu havia desistido! Para quê querer viver, para sentir mais dor? Para continuar em sofrimento contínuo!

"Eu havia desistido da vida, porque na verdade já estou morto, morto na minha alma."



Destino d'um Cão Abandonado (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora