Lembrem-se de Mim

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Aqui estou, onde será possivelmente minha ultima noite. Após as duas horas de descanso que temos. Teremos que marchar para o campo de combate. Ali, onde será nossos mártires ou nossa vitória. Todos estão com metralhadoras automáticas, com balas suficientes para destruir um pequeno exército.  Sim, temos balas suficientes para matar e sermos campeões ou matar e morremos no mesmo lugar que nossas vitimas. Sinceramente, antigamente quando me perguntavam de qual lado eu achava que tinha razão, eu defendia até a morte minha nação, mas hoje, hoje, eu não defendo mais um lado, hoje eu entendo pelo o que eles lutam, hoje, eu entendo meus inimigos. Mas por honra, eu terei que levantar e destruir todos eles. Tentarei dormir. Essa carta, estou deixando aqui, onde será meu novo lar, onde meu corpo irá residir, juntamente com dos meus inimigos, eu digo um adeus ao mundo, pois não tenho ninguém que me espere em casa, não tenho mãe, pai, família, mulher, filhos, minha morte será esquecido por decorrer das gerações por isso deixo essa carta, carta a qual, espero que um dia se lembrem de mim, eu sei que sou apenas mais um, mais também quero ter  meu nome lembrado.

Espero que esta carta seja lida um dia, e a pessoa que a lê, se lembre de mim.

Adeus, a todos...

Quando terminei de escrever a carte, me deitei, coloquei metade da carte debaixo da pedra onde encostei minha cabeça, fechei meus olhos, e a escuridão tomou conta do meu ser.

ACORDEM, ACORDEM, ACORDEM SEUS FILHINHOS DA MAMÃE, HOJE O DIA SERÁ LEMBRADOS PELAS NOSSAS FAMILIAS, COMO O DIA QUE VENCEMOS OU MORRERMOS EM BATALHA POR NOSSA NAÇÃO” ao ouvir o grito, pulei rapidamente, e fiquem em posição.

“PEGUEM SUAS ARMAS, ESTARAMOS MARCHANDO EM DEZ SEGUNDOS”

Eu corro rapidamente, coloco as munições ao redor do meu corpo pego minha arma, e vou para a fila, marchando para minha sentença. A minha frente está um moleque de apenas dezessete anos, jovem bonito, em outros tempos, ele poderia ter todas as mulheres que pudesse, mas esse tempo não é hoje, e espero um dia o poder vê-lo realizando tal fato. Realmente espero.

Após marchamos uns dez minutos, eu olhe pelo ombro do garoto e vi, soldados vestidos de vermelho, marchando em nossa direção, pude ver uma bandeira a longe, de cor vermelha. Meu batalhão começa a fazer a linha de batalha. Eu fico na primeira fila. Consigo ver os soldados de vermelho fazendo a mesma formação, em linha. Ambos os batalhões, param, um de nós iremos morrer. Não sou um cara frio, mas espero que sejam eles, eu quero viver, quero conhecer uma moça linda, ter filhos, poder sorrir e no meu leito de morte poder dizer “eu fui feliz!”, mas ao invés desse sonho, eu tenho apenas muitos homens a minha direita, e muito mais a minha esquerda, e mais alguns milhares atrás de mim, esse local com um péssimo cheiro, cheiro de sangue, e carne podre, o cheiro fedorento das aves carniceiras sobre os corpos do meus aliados e dos meus inimigos. Estamos em posição, com nossas armas levantas. Eu olho para minha esquerda e vejo o garoto, ele está tremendo, sua arma parece um fio de cabelo ao vento, ele será morto antes mesmo que entendo o que está acontecendo. O lado bom de morrer em guerra, é que um tiro em sua cabeça, e você não sentirá mais nada, sem dor, sem remorso, você só virar a escuridão tomando conta de sua visão, um só calmo como o vento em seus ouvidos, e não sentira mais nada.

Calma garoto, controle sua respira, você tem que conseguir mirar se quiser sobreviver” ele faz um sim com a cabeça, penso em perguntar seu nome, assim ele saberá que foi lembrado por alguém, mas para ele ser lembrado eu tenho que sobreviver, e não posso prometer aquilo que não posso garantir. Então simplesmente olho para frente, e vejo o batalhão deles, várias linhas vermelhas. Eu ouço um grito, não sei bem de quem é, mas veja a aproximação das linhas vermelhas, e vejo os homens a minha direitas correr, e primeiro som que ouço, são das balas viajam em altas velocidades atingindo algo. Por um momento eu êxito em correr, em poucos segundo já consigo sentir o cheiro de sangue, ironicamente o chão começa a ficar vermelho. E não sei bem, se isso é um sinal.

Começo a correr. Eu corro, corro mais, e quando consigo ver homens vestidos de vermelhos ao invés de linhas vermelhas, eu puxo mais fortemente o gatilho, e sinto as balas que estão enroladas ao meu corpo avançando como se fossem uma cobra. O sangue esta no ar, esta no chão, esta no cheiro, esta no gosto. Eu atiro, e atiro mais, eu vejo homens caindo, e honestamente, não sei se quem está os derrubando, são minhas balas, ou dos outros. A cobra continua a percorrer meu corpo, e som de bala por bala saindo da minha arma, as capsulas que se encontra com meu corpo enquanto corro é extremante impressionante.

A única coisa que penso é “não posso soltar esse gatilho por nada”. Eu vejo o garoto que estava na minha frente, cair sobre o chão, e seu sangue completamente aguado, percorrer o aquele lugar, acredito que ele tenha urinado naquele momento. Tento manter a calma, e fazendo a única coisa que fui treinado a fazer, apertar o gatilho.

Quando de repente sinto um vento mais forte em minha cabeça, e o som do vento começa a percorrer meu ouvido, o gosto de sangue crescia a cada momento, o cheiro era tão forte que se eu parasse de correr eu iria vomitar, o som da bala não chegam mais ao meu ouvido, apenas o som do vento, meu rosto, única parte do meu corpo nu, sente a brisa do vento ao se encontrar nela, e então não consigo mais ver os homens de vermelho, ou a linhas vermelhas, a única coisa que me mantem ali, é meu dedo no gatilho. Minha visão começa a ficar turva. Mas meu dedo continua a se encontrar com o gatilho, minha vontade é de me repousar, meu corpo está cansado, meu ombro esquerdo sente um vento mais forte, meu joelho também o sente, minha coxa também, minha barriga, meu braço esquerdo, o direito, duas vezes no ombro direito, a gravidade tenta me puxar para o chão, ao olhar para baixo, vejo sangue em toda parte do meu corpo, mas meu dedo continua no gatilho. Meu corpo cansa. A escuridão começa a tomar conta da minha visão, o único som que escuto é o vento, eu não sinto mais nada, o gosto começa a desaparecer, eu começa a sentir o gosto de chocolate em minha boca. Ainda consigo sentir algo, como se, meu dedo no gatilho. Meus olhos enfim são tomados pela escuridão.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2014 ⏰

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