Isabela uma garota tímida, amante e aprendiz da boa culinária, está em busca de seu sonho e para realizá-lo decide que é hora de impedir que o mundo a trate como uma massa de bolo a começar pelo temível Chefe Francesco.
Francesco, acostumado a todos...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Cheguei em casa imaginando como pagaria minhas contas agora e quem assinaria o meu estágio, mas daria um jeito, sempre se existe uma saída, o que não poderia é continuar a ser humilhada daquela maneira.
Sentei com o meu bloquinho e anotei tudo que tinha para pagar e vi que ter chutado o Francesco não tinha sido financeiramente uma boa ideia, mas não voltaria atrás e uma solução me ocorreu. Iria até o sócio dele e acusaria o restaurante com um processo de assédio, se conseguisse fazer direitinho não sairia de mãos abanando.
Na manhã seguinte segui a minha rotina e fui para a confeitaria disposta a ter uma conversa com Alberto, primo e sócio de Francesco, ele certamente não estaria a fim de confusão e entraríamos em um acordo, o fato é que nunca mais ficaria por baixo de ninguém. Mesmo que esse alguém tivesse o beijo mais perfeito que já tinha sentido e ainda me fizesse suspirar com a recordação.
Para a minha infelicidade quando entro na confeitaria Francesco está ao lado de Alberto.
- Ela chegou! Espero que esteja melhor Isabela? Disse Francesco, pontuando o meu nome o que fez o sangue se agitar nas minhas veias.
Aquele homem tinha tramado algo e não seria uma boa ideia descobrir.
- Melhor? Perguntei confusa.
- Sim, Francesco me disse que passou mal na dispensa ontem e ele a dispensou. Comentou Alberto.
- Sobre o que aconteceu na dispensa, gostaria de conversar com você. Disse me aproximando ainda mais, quando Francesco colocou o braço ao redor dos meus ombros.
- Não precisa, eu já expliquei tudo.
- Tudo?! Repeti o fuzilando com o olhar.
- Isso mesmo e Alberto concordou comigo que era hora de lhe tirar dessa função de auxiliar e mantê-la mais ativamente na cozinha, o que seria perfeito para o seu estágio.
Milhões de coisas começaram a passar pela minha cabeça ao mesmo tempo.
- Todos os postos na cozinha estão por hora preenchidos foi o que me disse quando quis auxiliar o Henrique com os bolos. Completei, lembrando uma das muitas circunstâncias em que me humilhou.
- Mas agora tudo mudou, ficará como minha assistente direta. O que será perfeito já que o seu professor agendou comigo a visita de estágio para o final da semana.
Tinha esquecido completamente da entrevista de estágio, não cumpri-la poderia me travar em várias matérias no curso, não podia me atrasar ainda mais.
- E Anália? Perguntei em um sopro de voz.
- Foi contratada por uma confeitaria em Milão, estará seguindo amanhã para a Itália. Disse com um sorriso que não chegava aos olhos, porque neles via algo escrito como: " vou fazê-la pagar garota".
- Já que tudo está determinado, que tal os dois irem para cozinha? Estamos com diversas encomendas e o publico do café está chegando. Disse Alberto.
- Claro primo. Vamos Isabela, temos muito trabalho.
Enquanto andávamos em sentido a porta que levava a cozinha, Francesco ainda com o braço em meus ombros cochichou.
- Coelhinha, ninguém faz o que fez comigo e sai impune, então deixe lhe explicar o óbvio. Nem pense em me acusar de assedio tenho varias estagiarias e auxiliares que testemunharão contra você, provando o seu recalque e quando eu disser ao seu professor que mal sabe fritar um ovo considere seus sonhos na gastronomia acabados.
- Isso é mentira! Disse alto e percebi os olhares dos funcionários da cozinha, mas diante do olhar duro de Francesco voltaram a trabalhar.
- O assédio também é mentira, pois foi você que me beijou não ao contrário. Completou cínico.
- Ah, outra coisa, o sobrado que a sua avó deixou e foi hipotecado pelo seu pai, comprei ontem então se não quer que proteste a divida acho bom pagar em dia, o que significa que precisa do emprego.
- Você é um cafajeste! Disse entre os dentes.
- Que manda em você! Não se esqueça disso.
- Qual o sentido de ter todo esse trabalho? Perguntei em desespero.
- Ensinar para uma coelhinha que o certo é ela se esconder de leões não enfrenta-los. Agora vá cortar os morangos e preparar o chocolate. Faremos um bolo recheado com brigadeiro e morangos e uma cobertura de chantilly, que tal? Perguntou falando tão perto a minha boca que senti seu hálito de hortelã, fazendo minhas lembranças voltarem aquele maldito beijo.
Andando como uma zumbi, fiz o que ele mandou, peguei a cesta dos morangos e os levei para bancada pensando como tinha me metido em uma confusão tão grande.
