.Era mais um dia maravilhoso, o sol banhava as matas fechadas com sua luz. Com a chuva da noite passada o chão se encontrava lamacenta e um pouco escorregadia. O pequeno Buopé foi o primeiro a acordar, e saia de sua oca se espreguiçando para poder começar o dia, atrás dele sua irmãzinha corria alegre indo em direção ao rio ali perto, olhando-a correr sem cuidado devido o chão escorregadio ele gritou:
— Cuidado Anahí, não corre muito para não escorregar!
— Vá atrás dela Buopé e depois vá à floresta e traga um pouco de fruta. – Ordena o pai de Buopé, Caramuru, saindo da oca com sua cara marrenta. Atrás dele vinha uma mulher, mãe de Buopé, Jaciara, que logo disse a seu filho:
— Tome conta de sua irmã.
— Tudo bem mamãe. — Disse Buopé que rapidamente correu para o interior da oca, e pegou seu arco, cinco flechas e uma bolsa de uma alça feita de cipós que estava sob sua cama. Uma rede cujas extremidades estavam amarradas em pilastras que sustentava o teto da oca, e em seguida correu disparado atrás de sua irmã.
.A aldeia de nove ocas era localizada do lado de um grande rio onde o usavam para pescar, lavar alimentos e tomar banho. Anahí e mais sete crianças tinham entrado no rio para se divertir, Buopé se aproxima no canteiro e grita:
— Anahí venha! Vamos pegar algumas frutas!
.Após ouvir a voz do irmão, Anahí imediatamente se despede das outras crianças, saindo do rio e ao se aproximar do irmão ela pergunta:
— Vamos pegar frutas Buopé?
— Vamos. — Respondeu Buopé. — Já peguei o arco e as flechas caso precisarmos nos defender. Segure as flechas e fique atrás de mim, quando eu pedir uma flecha você me entrega que nem à mãe faz com o pai quando eles saem para caçar entendeu? — Pergunta Buopé entregando as cinco flechas para Anahí.
— Entendi Buopé. — Responde Anahí pegando as flechas.
.Os dois voltam a sua oca para se despedir dos pais, quando se deparam com o cacique da aldeia sentado no chão frio de terra conversando seriamente com seu pai. Jaciara está ao lado do marido oferecendo comida para o cacique e para Caramuru.
— Mãe, pai. Estou indo pegar algumas frutas e a Anahí vai comigo. — Avisa Buopé.
— Tudo bem Buopé. Tome cuidado e não se afastem muito da aldeia ouviram?! — Advertiu Jaciara.
.O cacique se levanta do chão para poder falar com as crianças, e adverte com tom de seriedade:
— Cuidado crianças, apareceu uma Cuca nas redondezas. O grupo de caça a viu perto de um lago, e a aldeia vizinha já perdeu uma criança. Se a virem corram imediatamente de volta para a aldeia.
— Entendi grande cacique. — Disse Buopé respeitosamente.
— Tome conta de sua irmãzinha Buopé, você já tem sua tembetá já é um kunumy, a Cuca não terá interesse em você, mas sua irmã ainda é uma kugnatim-miri. Cuidado. — Adverte seu pai.
.A tembetá era um adorno feito de osso que Buopé tinha perfurado em seu lábio inferior, aquilo mostrará a sua aldeia e a seus pais que o menino não era mais menino, mas sim se preparando para ser um homem.
— Entendi pai. A protegerei com minha vida. — Disse Buopé com firmeza e convicção.
.O cacique apenas riu e disse antes dos dois partirem:
— Que Tupã abençoe seus caminhos.
— Obrigado grande cacique. — Agradeceu Buopé saindo da oca com sua irmã atrás dele.
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Buopé e o desafio da Cuca
Short StoryO pequeno Buopé não esperava que uma simples ida para pegar comida se transformaria numa aventura épica.