Carlos Eduardo - Você dançou lindamente

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─ Kadu, você dançou lindamente. – Soraya piscava os olhinhos para mim cheios de interesse.

─ Você também. Obrigado pela ajuda. – Respondi o mais educadamente possível.

─ Não tem de quê. – Ela sorria radiante. – Foi ideia do seu irmão. – Puxava a minha mão.

─ Quanto a isso não resta dúvidas...

Soraya estava se forçando a não perceber a minha frieza. Ela tentava manter minha atenção a todo custo, ficava me segurando, se colocando no meio do meu caminho. Aquele joguinho de gato e rato estava me deixando irritado.

Quando a situação ficou insustentável, eu a convidei para subir até o escritório. Sabendo que isso avivaria suas esperanças, mas eu detesto mulheres em situações como aquela. Levei-a para longe de olhares curiosos para acabar de uma vez com qualquer fio de esperança que ainda tivesse.

Assim que entramos no escritório, ela foi logo se oferecendo para um beijo. Rapidamente acendi a luz. Eu a encarei bem nos olhos e disse:

─ Soraya, eu não tenho a menor intenção de ficar com você, nem hoje, nem em qualquer outro dia. Será que você pode me deixar em paz de uma vez por todas?

Não fui muito sutil. Já não sabia mais o que fazer para que ela parasse. Na academia, estava espalhando boatos sobre a minha pessoa, sobre a minha masculinidade, sobre a minha relação com Bruna. Eu estava cansado da falta de respeito.

Ela ficou vermelha na hora.

─ Não quero te ofender, mas você já está, com o perdão da palavra, enchendo meu saco.

─ Kadu? – Nunca me vira falando assim. Ficara horrorizada.

─ Estou tentando ser o mais claro possível...

─ E precisa ser grosseiro? – Estava indignada. – Você não era assim. Essa garota...

─ Poupe-se do trabalho de falar de Bruna. Eu não quero ouvir. – Interrompi a ladainha que eu sabia que viria. – Não se trata dela. – Apesar de que era impossível negar o quanto a forma de agir de Bruna conseguira me influenciar nesse tempo que passamos juntos. – Eu estou dizendo a você que entre nós dois não vai rolar nada. Absolutamente nada.

─ Por que, Kadu? Você gostou de mim por uma vida inteira... – Seus olhos se encheram de lágrimas com a minha sinceridade

─ Ah! E você soube disso a vida inteira e nunca quis saber de mim... Talvez seja por isso, então.

─ Eu mudei.

─ Eu também.

─ Você está me dando um castigo, é isso? Por eu não ter te dado bola esses anos todos...

─ Não. Eu estou dizendo que cansei de levar foras e parti para outra. Coisa que você também deveria fazer.

─ Isso é orgulho!

─ Não, Soraya. Isso é amor-próprio. Agora chega. Nós encerramos esse assunto. Ok?

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora