Acordei ainda nas nuvens, as palavras de Carlos Eduardo ecoavam no meu coração me lembrando que o amor existe. E eu o amava. Mesmo que eu nunca o beije, que eu nunca chegue a sentir as garras do tigre na minha pele, eu o amaria. Eu já gosto demais do jeito como ele me olhava ontem, que não era desejo, era admiração. Gosto dos seus gestos educados de garoto bem-nascido tão diferentes dos meus. E gosto de como a minha casa funciona na presença dele. De conversar e jantar. De saber que tem alguém por perto disposto a cuidar de mim caso eu precise. De partilhar problemas e alegrias.
Carlos Eduardo tem cheiro de família. E eu o amo imensamente por isso. Ainda que nunca aconteça mais nada. Que nós nunca sejamos homem e mulher. Eu o amo e isso é apenas um fato. Fato com o qual eu vou ter de aprender a lidar. Porque, querendo ou não, Kadu entrara definitivamente na minha vida. E isso era muito bom.
Tomei café. Fiz uma série de exercícios. E, perto do meio-dia fui tomada por uma empolgação súbita. Eu estava tão feliz e me sentindo tão capaz que apenas sentei na frente do computador e escrevi um e-mail para o autor da novela me candidatando ao papel de irmã da protagonista. Sem pensar muito mais sobre o assunto, apertei o botão de enviar. Fiquei olhando para a tela satisfeita.
Aí o telefone tocou. Era do hospital. Minha avó retornava à UTI.
A alegria acabou.
Eu estava sozinha novamente.
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Por Onde Andei
Teen FictionNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...