A tentativa de Paulo de esquecer o passado, se mostrou infrutífera. Pois, só pensava e sentia Marina. Sempre ela!
Deixou então que as recordações lhe inundassem, como um rio desaguando no mar. E, simplesmente, permitiu-se pensar em seu amor.
Conheceu Marina de maneira bem casual. Não teve nada destes romances clichés, que se leem por aí.
Estava numa praia, num final de tarde, estendido na areia, quando aquela deusa surgiu. Tinha um corpo escultural e os olhos eram duas safiras verdes, indecifráveis.
Quando aproximou- se com seu biquini minúsculo, o deixou sem ar. O que piorou ainda mais, quando ouviu sua voz.
- Oi!... Você está sozinho!?... Posso sentar ao seu lado!?
-Cla...cla... claro!- gaguejou de tão nervoso, pois, era muito tímido.
-Prazer!- estendeu-lhe a mão- Me chamo Marina e você! ?
Por um breve momento, deixou-a com a mão estendida, sem saber o que fazer. Esquecera o próprio nome.
- Oieeeee! ... Ainda está na Terra ou foi pra outro planeta!?-sorriu.
Impossível não sorrir com ela. Só então se deu conta de sua imensa garfe e apertou-lhe ou melhor, beijou-lhe a mão, corando em seguida.
As horas foram passando e a conversa fluiu livremente entre os dois. Pareciam se conhecer de outras vidas, tamanhas as afinidades.
Quando já a noite, decidiram ir embora, ela deu seu telefone pra ele. Nunca havia se sentido tão bem e feliz, junto a uma mulher. Tinha a certeza absoluta, que fora ela, a mulher destinada por Deus para ele.
Os dias foram passando, se transformando em semanas, depois em meses, até que resolveu contar que iria casar, para o seu melhor amigo Caio. Este ao vê-la, concordou mentalmente com Paulo. Marina era a mulher mais incrível que já conhecera. E, não apenas pelo corpo fenomenal; que já seria capaz de fazer qualquer homem perder a cabeça, mas por todo o conjunto da obra.
No Brasil, Caio também pensava nela. " Como uma mulher tão espetacular, pôde morrer assim de algo, que quase todas as mulheres fazem!?... Um parto, meu Deus!... Um simples...parto!"
O que Paulo, nem de longe podia sequer desconfiar, era que Caio também sofria deveras por esta morte. Porquanto, a amava em segredo.
E, durante todo o casamento deles, manteve um caso extraconjugal com ela. E, que era ele, e não Paulo, o pai daquela menina.
Marina havia lhe contado em prantos e ele sempre lembraria deste dia, em que altas horas da madrugada, ela irrompeu em sua casa. Quando ele foi abrir, nem acreditou.
- O que você está fazendo aqui sozinha a esta hora, Mari!?... E, por que você está chorando!?... Aconteceu alguma coisa com o Paulo!?
Ela chorava tanto, que nem conseguiu responder. Caio a fez sentar no sofá.
- Calma!... Respira!... Isto!... Você quer uma água com açucar ou um calmante!?
- Não quero nada!- conseguiu responder enfim.
- Agora que você se acalmou, pode me dizer, por favor, o que aconteceu!?
Ela olhou no âmago dos seus olhos e segurou- lhe o rosto com ambas as mãos. Depois, sussurrou:
- Estou grávida, Caio!... Grávida! ... Consegue entender o que e isto!?... Foi isto o que aconteceu!
- Como assim...grávida! ?
- Pelo amor de Deus, não é Caio!?... - ergue-se do sofá- Acho que não preciso ensinar o pai nosso ao vigário! Ou preciso!?
- Este filho é meu, não é, Marina!?
- O que você acha!?
- Eu!?... Sinceramente, nem sei o que devo achar!-soergueu-se também- A unica mulher, que eu amei em toda a minha vida,vem até minha casa e me diz que está grávida. Mas, eu não posso nem comemorar porque ela e a esposa do meu melhor amigo!
- Amigo este, que você não hesitou em trair, não é! ?
As palavras dela, soaram cruéis até mesmo pra seus próprios ouvidos. Tentou tocá-lo, porém, ele se esquivou.
O que Marina acabara de dizer, o ferira profundamente. Quantas vezes, já havia se culpado, por estar traindo seu amigo!?... Quantas vezes se martirizara por amar sua esposa!? Mas tudo era inútil. Porquanto, não conseguia deixá-la. Ela era seu amor, sua vida! Mas também, sua perdição e ruína.
- Me desculpe, meu amor!... Eu não queria ter dito isto!
- Teu amor!?...-olhou em seus olhos- Será que você Marina, é mesmo realmente capaz de amar alguém, além de si mesma!?... Eu tenho minhas dúvidas sobre isto!
- Como ousa duvidar do meu amor por você! ?- gritou.
- Então por que não se separa do Paulo e vem viver de uma vez por todas comigo!?- segurou-lhe os braços e a fez olhá-lo- Por que não acabamos com esta farsa de uma vez por todas!?... Se nos amamos tanto, pra que continuarmos a enganar o pobre do Paulo!?
- Eu te amo! Mas, amo a ele também! ... Nunca te escondi isto!
- Você é louca!... E, eu devo ser também! ... Porque mesmo sabendo que você não presta, não consigo viver sem você! ... Está entranhada, tatuada a ferro e fogo, no meu coraçao e na minha alma!... Eu te amo, Mari!... Eu sou completa e perdidamente apaixonado por você!
Beijaram-se com voracidade e desespero. E, se amaram loucamente madrugada adentro.
Deixando de lado, suas doces lembranças sobre a esposa, Paulo tentou concentrar-se nos planos que tinha que fazer para sua nova vida.
Enquanto isto, Caio, não tivera o mesmo êxito. Continuava refletindo e perguntando-se, o que poderia ter feito de diferente, para que esta história, não tivesse este desfecho tão trágico.
Perdera a mulher que venerava, e ao contrário de Paulo, não podia sequer...expressar sua dor. Teve vontade de gritar e destruir tudo ao seu redor. Mas de que adiantaria!? Isto não traria Marina de volta. Ela não voltaria nunca mais!.. Estava morta, gelada e enterrada, num sepulcro tão gélido como seu coração estava, depois de sua morte.
Não importava onde Paulo estava. Tudo o que tinha importância para ele era sua filha!... Sim!... Sua filha!... Porque era isto que aquela menininha tão minúscula era.
Lutaria pela mesma, com todas as suas forças. Pois, a menina, era a última lembrança de seu amor. O último elo com a felicidade, que um dia, ainda que por breves instantes sentiu.
No entanto, nada era tão simples, como parecia ser. Percalços diversos, viriam pelo caminho.
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Amor Além da Vida( Completa)
RomanceÉ uma história de amor como tantas outras. Igual e ao mesmo tempo diferente. Poderia ser a minha ou a sua. Mas não é! Repleta de segredos escondidos. Nada é como parece. Tudo é uma incógnita.