• único •

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Estava se preparando para dormir, quando ouviu o barulho de pedrinhas colidindo com o vidro da janela. Inicialmente se assustou, mas não demorou muito para sacar de quem se tratava.

Se aproximou um pouco e o viu, no passeio de sua casa, com um sorriso ladino no rosto. Seokjin negou com a cabeça, pensou até em ignorar, entretanto não demorou pra atender a porta.

Antes checou sua aparência, notando que não estava tão ruim assim. Seu pijama era um pouco infantil, mas tinha certeza que Kim Taehyung não ligaria para trivialidades como aquela. Nem mesmo se lembraria.

— O que você quer a essa hora, Taehyung? — foi a primeira coisa que perguntou ao abrir a porta.

— Jinjja, eu tô perdido, sem pai nem mãe, bem na porta da tua casa.

— E daí?

— E daí que eu tô pedindo a tua mão e um pouquinho do teu braço, quem sabe migalhas dormidas do seu pão.

Jin riu, porque aquele acastanhado peculiar estava bêbado, ele precisava de uma ducha, uma xícara de café quentinho e sanidade.

— Você precisa de um banho, Taetae.

O outro sorriu preguiçoso, amava como o apelido saía da boca bonita do moreno alto. Era quase como uma poesia alucinógena, jurava ver o mundo girando junto a eles dois naquele momento.

— Então dá um pouquinho de proteção pra esse maior abandonado.

Seokjin revirou os olhos, porque aquela cena já era corriqueira. Taehyung bebia e, mesmo que possuísse dos mais variados amigos, aparecia na sua casa, falando coisas sem pés nem cabeças, deixando o mais velho preso em pequenas porções de ilusão.

Arrastou o amigo para dentro, fechou a porta e o encarou por alguns segundos, praguejando a si mesmo por ser tão bunda mole.

— O que eu faço com você, traste?

— Cadê aquele Taetae carinhoso? — o outro sorriu, agarrando a mão do hyung. — Vamos lá, me leve pra qualquer lado.

— O "lado" vai ser o banheiro, você está podre! — o puxou até o pequeno cubículo azulejado e tratou de jogá-lo dentro do chuveiro.

Hyung, não seja mal... Vem cá, que tal nossos corpos juntos embaixo dessa água fria?

— Não seja estúpido, seu cretino! — as bochechas do garoto eram brasa, ele tentava tirar a blusa do amigo, mas o mesmo não facilitava.

— Se não quer me amar assim, então me ame como um irmão.

— Mas de que porra você tá falando? Fomos de corpos molhado ao incesto?!

— Ah hyung, se tratando de você, raspas e restos me interessam.

— Quer saber? Se ajeita aí, vou pegar roupas e fazer um café. — Jin fugiu de cena vermelho e Taehyung se contentou em rir.

.

Taehyung já estava vestido, estava tomando café na mesa bonita de Jin, mas ainda não podia se considerar sóbrio.

— Jinjja? — chamou com uma voz manhosa, voz de quem ia pedir algo.

— O que é?

— Me conta uma mentira sincera?

Foram alguns minutos de silêncio, porque o moreno era meio lerdo e tentava processar o que ele queria dizer. Taehyung se transformava em um filósofo iluminista quando bêbado.

— Mentira sincera? Hm... Eu estou cansado de ser iludido por você.

Os olhos do acastanhado se arregalaram um pouco, aquela não parecia ser a resposta que esperava.

— Sabe, eu gosto de me iludir. Penso secretamente que o fato de você vir na minha casa pedir ajuda sempre que está bêbado é porque confia em mim e porque sente algo além disso. — pausou, encarando o outro diretamente. — Mas você solta essa piadas, coisas das quais você não lembra depois, e eu que fico de coração partido.

Silêncio.

Por alguns segundos, foi como se tudo tivesse parado e ficado frio. O belo clima em volta deles se dissipou, dando lugar à tensão.

— Quer ouvir a minha mentira sincera? — Taehyung perguntou, acabando com aquele silêncio todo. Jin ficou estupefato, quase negou de birra, mas por fim assentiu.

— Eu amo você, Jinjja. — suspirou. — E eu falo sério quando digo que raspas, restos e migalhas me interessam. Eu gosto de sentir que você se preocupa comigo, gosto de saber que mesmo nesse estado, você me acolhe e cuida de mim.

Mais silêncio. Jin estava sem palavras, seu coração ia a mil. Tantos pensamentos iam e vinham, ele queria gritar e pular, mas era o mais velho.

Por fim, levantou. Fez com que Taehyung ficasse de pé e, sem hesitar, beijou os lábios do outro. Sentiu o gosto de café misturado com cerveja, mas não se importou.

Seus corpos estavam ali, juntos. Jin se sentia feliz e Taehyung, este sentia a proteção que tanto almejava um maior abandonado.

🍹🐯🍸

Olá,

Essa one-shot foi baseada em Maior Abandonado do Barão Vermelho (na época em que o Cazuza era vocalista).

Outra fic pro desafio Brasileifics, que consiste em fanfics de k-pop baseadas em músicas brasileiras. Quem estiver interessado, pode aparecer no privado da svtherin ou no meu.

Espero que tenham gostado,
Maduh.

maior abandonado » taejinOnde histórias criam vida. Descubra agora