• maybe •

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Jimin estendia os braços, juntado suas mãos além de sua cabeça, torcendo a face enquanto se espreguiçava. Dormia no sofá pequeno e com um mal estofamento já fazia anos.

Acordou às seis horas, assim como todos os dias, sem exceções, até mesmo nas suas folgas.

Andava pela casa o mais silencioso possível para não acordar os outros, era sempre um inferno quando isso acontecia.

O garoto levou uma das mãos até a garrafa térmica, a colocando sobre a mesa. Havia preparado o café da manhã como sempre, também se não preparasse...

Passou a língua entre os lábios vendo a mesa farta, o arroz quentinho, os peixes que havia fritado, a sopa de soja, os legumes cozidos, e o Kimchi.

Escutou um barulho que lhe fizera arregalar os olhos, colocando a mão sobre a barriga.

- Aigoo...- Murmurou jogando a cabeça para trás.- Eu não posso comer.- Olhou para os lados, e voltou a atenção para a pequena mesa ao canto da sala.- Mas ninguém precisa ficar sabendo.

Se aproximou da mesa, balançando os dedos, em busca dos hashis, pronto para pegar um dos peixes, conseguia até mesmo imaginar o gosto...

- Tire as mãos da minha comida!

Aquela voz seca assustou o mesmo, xingando a mais velha internamente, deixando os hashis sobre a mesa.

Jimin odiava aquela voz com todas as suas forças. Se afastou da mesa, abaixando o rosto, para que olhasse apenas seus pés cobertos pelas meias brancas que usava.

- Alimentei você durante anos, e agora não consegue ficar sem comer,garoto ingrato.

A mulher que aparentava ter seus quase cinquenta anos, dizia olhando para o mais novo, com uma expressão de desgosto, expressão que Jimin conhecia há anos.

Quando os pais de Park Jimin morreram em um acidente de carro, quando o mesmo tinha onze anos, o conselho tutelar passou sua guarda para os únicos parentes que tinha, seus tios.
O garoto já naquela idade, tinha certeza, que se tivesse sido levado à um orfanato, sua vida seria melhor.

Desde os onze anos vivia sobre aquele olhar de desgosto, de ódio. Todas as roupas que usava, eram as que ficavam pequenas em seu primo. Só podia comer, após limpar a casa inteira. Seu material escolar, sempre tinha que ir na área de achados e perdidos para ver se conseguia usar algo.

Seu aniversário desde os onze anos, nunca mais comemorou, nem sequer um bolinho, ou uma vela para fazer seu pedido.

- Miane, tia.

Levantou a cabeça, engolindo em seco, observando a mulher fazer uma careta enquanto tomava um pouco de sopa.

- Não me chame assim!- Recebeu um olhar furioso.- Temho nojo de qualquer laço de sangue com você.- Jimin assentiu ouvindo tudo.- Nem para fazer uma sopa você presta.

O garoto via, e não via a hora de completar vinte anos . Queria muito, pois poderia sair daquele lugar,mas, para aonde iria? Ele não tinha mais a quem recorrer. Não tinha um centavo sequer. E seus tios não viam a hora de lhe chutar para fora de casa.

- Você ainda está aqui?

A voz grave do homem soou pela sala, e Jimin aos poucos foi se afastando o máximo possível para ficar perto da porta. O homem que vestia uma camisa social completamente amassada, e calças jeans um tanto velha, se sentou ao lado da mulher,pegando os hashis, levando o peixe até a boca.

sᴋʏᴅɪᴠᴇ • Jikook versionOnde histórias criam vida. Descubra agora