-Menino Pedro?
Afastamos-nos os dois rapidamente para vermos a ponta da careca do mordomo por trás dos arbustos a aproximar-se de nós.
-Fogo!
O Pedro parece ter ficado nervoso, mas ao mesmo tempo furioso, e até mesmo corado! Eu olho para o senhor e riu-me. Ele fica um bocado baralhado. Para minha surpresa o Pedro ri-se comigo, o ponto alto do meu dia diria eu. O mordomo aproximar-se e trás num tabuleiro lindíssimo com dois copos com sumo de laranja e um cesto com croissants e pão de azeitona. Eu diria que os copos são de cristal e que o cesto deve ser importado de algum sítio importante ou assim.
-Obrigada senhor.
Ele sorri para mim.
-De nada menina Aurora.
Eu sorriu de volta, mas quando ,e viro para o Pedro ele aind aparece um bocado atrapalhado, será que ele não pode estar perto de raparigas ou assim, de que é que ele tem medo afinal? Ou então sou só eu a ser paranóica, o que é mais provável! Ele recompõem-se, aclara a garganta e apenas diz:
-A próxima vez que vieres trazer alguma cena manda sms primeiro, pode ser Jaime?
O mordomo ficou a olhar para ele estranhamente, a sentir-se provavelmente o que eu sinto, alívio. Eu pensava que ele ia explodir.
-Peço desculpa menino Pedro.
-Podes sair.
Eu olho para o Pedro e levanto uma sobrancelha.
-Obrigado Jaime.
Ele percebeu.

***

-Mãe! Eles devem estar quase a chegar.
-Porque é que não vais aproveitar para passear o Splash e esperas por eles lá fora?
-Não precisas de ajuda? Com os colchões nem nada?
-É assim, pus 3 colchões na cave, a PlayStation, com todos os jogos, muita água, a máquina do chocolate quente, e muitas bolachas. É suficiente?
-Cobertores?
-Dentro do armário.
-Estou lá fora então.
Felizmente a Ema e os gémeos foram para casa da Avó Maria e do Avô Tó, senão isto seria uma confusão.
O Splash é o cão mais adorável de sempre, um Labrador branco, mas que no entanto anda sempre todo sujo! E sempre que lhe acabo de dar banho, ele parece um trator, a raspar com a cabeça na relva e sacode-se todo, em cima de mim! Mas por agora estamos no jardim mesmo em frente à minha casa. Eu não vivo na cidade, por isso não à aqui tanta gente como no centro de Lisboa no parque das nações ou assim, isto é um bairro, com várias ruas, e estamos a 25 minutos da escola quando não apanhamos trânsito. Aqui todos são simpáticos. Conhecemo-nos todos uns aos outros, o minimercado é suficiente, e o café onde costumamos ir todos na sexta à noite, jogar bilhar e passear com os vizinhos. Infelizmente a minha vizinha do lado oposto do jardim faleceu o ano passado, e a casa está à venda desde então, a senhora era uma alma jovem a quem aconteceu um terrível acidente. Acreditam que ela morreu a salvar o Splash? Ele era um cão abandonado, e ela vinha da cidade de carro quando o viu à beira da estrada, saiu para o ir buscar, e assim que o agarrou viu um camião a vir na direção dela e atirou o Splash para longe. Não foi um grande impacto, mas a senhora já não caminhava para nova. Quando fomos todos ao hospital, o Splash estava ao fundo da cama deitado. O cão mais adorável do mundo, a minha vizinha pediu-me para ficar com ele e tomar conta, porque a sua filha não gostava de animais. E aqui estamos nós um ano depois!
-Hey! Girl!
-Margarida! Foste a primeira, o Simão ainda não chegou. Mas não te preocupes, porque eu vou ganhar a aposta!
-Ahahhaha nem penses!
-Aurora! Olá Margarida.
Foi impressão minha ou ele ficou mais feliz quando disse Margarida do que o meu nome? Ahahhah ele gosta delaaaa, eu sei! E vou mostrar à Margarida isso.

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