Capítulo 17

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Alzira  terminou o expediente.  Apanhou a bolsa e foi à sala onde o pai estava trabalhando, como de costume. Vendo-a, ele disse:

        - Não precisa me esperar. Hoje vou ficar um pouco mais. Preciso acabar este relatório. Avise sua mãe.

        - Vai demorar? Posso ficar e ajudar, se quiser.

        - Não é preciso. Não sei quanto tempo gastarei. Talvez uma hora ou duas.

        - Está bem. Eu aviso.

        Alzira ganhou a rua e foi andando devagar, observando o pôr-do-sol que coloria o céu formando desenhos caprichosos.

        - Alzira, espere.

        Ela se voltou e viu Valdo, que a seguia dentro do carro.

        - O que quer?

        - Falar com você. Espere.

        Ele desceu e aproximou-se:

        - Quero conversar com você. Vamos vou levá-la até em casa.

        - Obrigada. Não é preciso. O que deseja?

        - Não seja mal-educada. Sou seu chefe. Deve obedecer.

        O rubor coloriu as faces dela.

        - É meu chefe para mandar em mim no que diz respeito ao serviço, dentro da empresa. Fora, sou livre.

        - E se eu pedir por favor? Vai me ouvir?

        Ela hesitou:

        - Está bem.

        Eles entraram no carro. Ele deu partida e saiu em silêncio.

        - E então? - indagou ela. - O que deseja?

        - Já vai saber.

        Andou mais um pouco e parou em uma rua discreta.

        - Faz quinze dias que estivemos juntos no casamento de sua irmã. Naquela noite pensei que estivéssemos nos entendendo. Nós nos beijamos, você ficou em meus braços, dançamos. Achei que estivesse gostando de minha companhia. Mas, depois, mudou completamente comigo. Não atende ao telefone, na empresa me evita, finge que não me vê. Havíamos combinado ir ao instituto. Émerson perguntou por você. Eu mesmo não sei o que pensar.

        Alzira suspirou e respondeu:

        - O que aconteceu naquela noite foi especial. Acabou. Sou uma moça simples, não pertenço ao seu meio social. Sei o meu lugar.

        - Isso é preconceito.

        - Não. É realidade. Não tenho condições de frequentar um meio social muito acima de minhas posses, embora seus amigos sejam muito agradáveis e tenho certeza de que não se prenderiam a isso. Mas eu não estaria à vontade.

        Valdo sentiu-se constrangido.

        - Desculpe, não pensei que se sentisse assim. Se não deseja ir ao instituto, é um direito seu. Mas não precisa me evitar por causa disso. Você não gosta de mim?

        Alzira olhou-o firme nos olhos e disse séria:

        - Não se trata de você. Estou apenas me protegendo. É minha maneira de ser. Você sabe que  tem carisma, que as garotas disputam sua atenção. Você pode escolher entre as mulheres mais bonitas e famosas. Por que faz isso comigo?

Tudo tem seu preçoOnde histórias criam vida. Descubra agora