Entre o Céu e a Terra

1-Belo presente

Obs.: essa fanfic é baseada no conto Madison Avery e a morte, de Kim Harrison (livro Formaturas Infernais, pag 52). Pra quem conhece a história sabe que, no livro, ela não tem um final, portanto, aqui, eu adaptarei a parte ja escrita e darei continuação.
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"Um general britânico, uma donzela de vestido e um pirata entrando no salão", pensei. Eu olhava para os corpos que se moviam naquele caos hipnotizante de adolescentes inexperientes e cheios de desejo. A especialidade do colégio Covington era transformar a formatura em piada. Para piorar, era o dia do meu aniversário de 18 anos. Que diabos eu estava fazendo ali? Uma formatura tinha que ter vestidos de verdade e uma banda ao vivo, e não aquelas roupas horríveis, música gravada e serpentinas. E o meu aniversário devia ser... tudo menos isso.

- Tem certeza que não quer dançar? - Shawn gritou no meu ouvido, com o seu hálito adocicado. Tentei não mexer meu rosto. O meu olhar estava fixo no relógio ao lado do placar do ginásio. Me perguntei se ficar ali por uma hora era tempo suficiente. Eu não queria levar uma bronca do meu pai. A música estava chata, era sempre a mesma batida se repetindo. Nada de interessante nos últimos quarenta minutos. E o volume do grave estava alto demais.

- Tenho - falei, me esquivando no ritmo da música quando uma das mãos dele tentou pegar a minha cintura. - Ainda não deu vontade de dançar.

- Quer beber alguma coisa? - ele tentou novamente. Eu levantei o quadril, cruzando os braços a fim de esconder o decote. Ainda estava esperando que um milagre da natureza fizesse com que um volume maior se fizesse presente nos meus seios, mas o corpete do vestido apertava tudo para cima, então parecia que eu tinha mais do que realmente tinha, o que estava me deixando um tanto alterada.

- Não, obrigada - eu disse com um suspiro. Ele não deve ter me escutado, mas entendeu a mensagem, a julgar pela maneira como ficou olhando para os corpos que se moviam. Longos vestidos de gala e fantasias bem curtinhas de garçonetes misturadas com piratas e marinheiros fanfarrões. Esse era o tema da festa, piratas. Meu Deus! Eu havia trabalhado por dois meses para preparar a formatura na minha escola antiga. Ia ser muito melhor do que aqui, com uma barca toda iluminada e uma banda de verdade, mas nããão. Mama disse que meu pai precisava passar um tempo comigo. Que ele estava enfrentando uma crise de meia-idade e que precisava se conectar novamente com algo do passado que não o aborrecesse. Acho que ela ficou preocupada porque eu havia dado uma escapadinha para tomar café, e achou melhor me mandar de volta ao pra ele em Dullsville sabendo que eu o escutava um pouco mais. Tudo bem, a escapadinha foi depois da meia-noite, E eu até posso ter saído em busca de um pouco mais do que cafeína. E sim, já havia ficado de castigo por ter saído muito tarde no fim de semana anterior, mas foi exatamente graças a esse episódio que eu precisei sair de fininho. Passando os dedos no laço apertado do meu vestido de época, fiquei me perguntando se aquelas pessoas tinham alguma noção do que era uma festa de verdade. Talvez eles não estivessem nem aí.
Shawn estava em pé na minha frente, movendo a cabeça ao ritmo da música, um sinal evidente de sua vontade de dançar. Próximo à mesa de comida, havia uma garota que tinha aparecido no meio do nada, vestia uma roupa parecida com a de Shawn, só que branca, com detalhes dourados, o que contrastava bem com seus cabelos negros que estavam presos em um coque acima da cabeça. Tinha quase certeza que nunca tinha visto ela pela escola, com certeza me lembraria da sua feição séria e bem delineadas. Havia nela uma beleza que, com certeza, não passaria despercebida por ninguém. Ela estava olhando na minha direção, e eu olhei de volta, tentando distinguir se o seu foco era eu ou Shawn. Ao perceber o meu olhar, ela virou o rosto. Então me voltei para Shawn, que já estava quase dançando ali, entre as pessoas e eu. Enquanto ele movia a cabeça' ao som da batida, percebi que a fantasia que ele usava fazia com que o seu pouco peso e a sua altura excessiva lhe caíssem bem - era uma farda vermelha e branca tradicionalmente usada por generais britânicos, com uma espada de mentira e ombreiras. Ideia do pai, provavelmente, visto que ele era o mais VIP dos VIPs da base militar local. Ele havia ajudado muitas pessoas a conseguir um emprego na área de pesquisa quando a base veio para o estado do Arizona. As ombreiras de Shawn combinavam com o laço e o corpete exagerados do meu vestido.