Bush, Sarney e o Pai do Michael Jackson

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Os fins justificam os meios? Esta frase não poderia ser mais Maquiavélica. Vamos elucubrar sobre isso.

É impressionante como esta frase está na moda. Como se usa indiscriminadamente, com citações filosóficas sobre o tema. Afinal, o argumento é frequentemente o mesmo, “O bem maior”. Ontem ouvi numa reportagem, o Pai do falecido Michael jackson sublinhando uma frase numa entrevista, quando questionado sobre o que seria do seu filho caso não fosse ele, o Pai. Se adiantando na poltrona ele responde: “Se não fosse Joe Jackson não haveria nenhum Jackson”. Eu poderia entender esta resposta no sentido objetivo, ou melhor, no sentido genético, de que ele era o pai e neste caso não teria “aqueles” filhos caso não fosse ele. Mas a acentuação e o contexto da entrevista, perguntas e respostas eram sobre o tratamento feroz e tiranico que era dado aos filhos. JJ, responde com toda naturalidade sobre o fato de Michael Jackson ser o que é devido a forma que foi criado e conduzido na sua carreira. E que o mundo teve sua evolução musical, ppopular, ritmica, graças a Joe Jackson. O Filho, um mero fantoche, instrumentado por um decidido e visionário mentor. Mas o fato é que este agente não fez o que fez, pensando no filho, nem no mundo, mas sim em dinheiro. E mostra bem que continua neste mesmo pensamento. Quanto um herói dizima toda uma nação ou mata para salvar outras tantas e no final, solene, as manchetes replicam seus motivos nobres, somos invadidos por uma sensação absurda de que algo não se encaixa. Então deveria vir uma pergunta. Qual o custo deste ato heróico?

Igualmente confusos, ouvimos fragmentos de outros motivos, petróleo, fama, paixão, dinheiro, poder. E nos deparamos com estes motivos “secundários” menos nobres e parciais que no final, foram os motivadores de perdas humanas e as mentiras, reveladas a conta-gotas se perdem num mundo gordo de informações midiáticas igualmente parciais e instantaneas. Acompanhamos os Bushes, Malufs e os Sarneys esfregarem na nossa cara desculpas esfarrapadas de atos inexplicaveis. Somos enganados todos os dias e acabamos perdendo a noção da realidade. Ou será esta a realidade, e eu, pensando assim, é que estarei sonhando?

Não pensamos, nem reagimos, mas lemos, ouvimos, assistimos por poucos segundos antes de mudarmos o canal ou virar a página. Não fechamos um entendimento nem perto de completo, a não ser quando auxiliados por expecialístas em casa assunto, que também têm a sua própria visão e interesses.

Aceitamos as ações pelas justificativas na grande maioria das vezes infundadas ou parciais. E o “bem maior” torna-se quase tão pequeno ou tão mau quanto a própria causa inicial, senão pior. Aceitamos os meios sem saber qual é a finalidade real ou mesmo a abstrata. Os fins são os meios para se conseguir algo próprio e desta forma não há filosofia que explique. Não há equilíbrio.

São tantos os exemplos que se movem pelas nossas telas. Que vêm e que vão. Torna-se comum (não normal) e a nossa visão se acostuma com a paisagem. E deixamos de pensar. Que o fim só deve justificar os meios, desde que o fim seja, efetivamente, motivado para o bem comum, sem qualquer relação com ganhos próprios ou contratos obscuros, ou palácios escondidos, ou troca de favores para proveito próprio.

No blog do professor Marum, reproduz uma entrevista com Newton Bignotto, onde discutem justamente o tema Maquiavélico, e o entendimento incompleto ou parcial da sua filosofia deste pensador, muitas vezes incompreendido, ou “usado” por quem domina. O comentário encerra o que também é meu entendimento.

“Diferentemente do que tem sido registrado ao longo dos séculos, Maquiavel jamais escreveu aquela que se tornaria a frase mais famosa de toda a sua filosofia: “Os fins justificam os meios”.

Se é verdade que uma aproximação dessa idéia está presente em boa parte de “O Príncipe”, é nos “Discursos” que Maquiavel chega mais perto de enunciar a máxima.

No capítulo nove do primeiro livro, afirma: “Cumpre que, se o fato o acusa, o efeito o escuse”. E continua, dizendo que, “quando o efeito for bom, como o de Rômulo, sempre o escusará”.

No contexto, Maquiavel diz ser necessário estar sozinho para fundar uma república. Assim, considera que, na hoje lendária fundação de Roma, Rômulo agiu corretamente ao matar seu irmão Remo para fundar a cidade.

Há uma diferença entre essa idéia e a “máxima de Maquiavel”. Nesta, a justificativa dos meios se dá apenas em relação aos fins que se pretende alcançar.

Na argumentação dos “Discursos”, duas condições são impostas: que a intenção seja em favor do bem comum e que os efeitos se mostrem positivos. Portanto, a justificação nunca poderia se dar antes da ação -nem mesmo antes de saber se os resultados foram de fato bons. (UM). Postado por Professor Marum”

Alexandre Bizinoto. Diante do absurdo das tramas conspiratórias contra a nossa inteligencia.

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