Assim que os primeiros raios de sol clarearam a barraca com pequenos e inumeros furos, abri lentamente os olhos e os cocei. Me sentei e coloquei as mãos no rosto e exclamei em um sussurro: "Puta merda, é hoje".
Quando abri o zíper e ía sair, Andrew me assustou brotando em minha frente. Coloquei as mãos sobre o peito e dei um tapa em seu braço.-Droga, July!-Exclamou massageando a área onde meu tapa o atingiu.
-Isso é pra aprender a não assustar as pessoas de manhã cedo desse jeito.
-Trouxe novidades.-Ele entrou na barraca, a fechando logo em seguida.-Não encontrei dois facões, roubei as duas melhores facas que eu encontrei. Assim que acabarmos com tudo isso, podemos pegar tudo e colocar em mochilas.-Andrew disse passando as mãos sobre os cabelos loiros mal penteados.
-Claro, ótima ideia. Assim que fizermos tudo, preciso de um banho. Tem algum lago por aqui?
-Tem um rio á uns dois quilômetros daqui. Mas é bem melhor que você vá de dia. Posso ir com você, para te dar cobertura.-Ele olhou para mim e logo arregalou os olhos-Mas olhe, não leve a mal, por favor. Nem saiu na maldade...-Corou-se rapidamente e abaixou a cabeça, numa tentativa falha de se esconder.
-Não se preocupe, eu não ligo, a menos que você tente me estuprar, me matar ou algo assim.-Ele estava com uma cara de "Sério?".
-Eu não vou ousar fazer isso. Honro o que eu tenho no meio das pernas.
-Isso soou bem machista.-Ri.-Foda-se, quem liga para isso? Vamos comer algo, e depois vamos fazer algo.
-Certo.-Ele assentiu e saimos para tomar café.
George não tirava o olho de nós dois, parecia que, no fundo, aquele filho da puta sabia o que iríamos fazer. Por mais que se passaram apenas dois dias, eu acho Andrew legal, ainda que ele ainda não se abra muito comigo, ou que ainda tenha sempre a mesma cara de bunda, ele é um garoto legal.
Enquanto eu matisgava o pedaço de pão velho, eu me lembrava das vezes em que meus pais me diziam sobre as pessoas. Sobre nunca confiar em ninguém estranho, sobre tomar cuidado em quem confiar, sempre amar as pessoas independente de tudo. Essas eram as coisas que mais me faziam falta, a bronca, a cobrança de quem eu tanto amava e costuma reclamar. Dizem que só quando a gente perde, damos valor, e eu concordo com essa frase, eu daria tudo para ter meus pais me dando um tapa no braço, me corrigindo, ou um puxão de orelha por uma nota ruim.
Balancei a cabeça e afastei esses pensamentos que me enchiam os olhos de lágrimas. Terminei de comer e sai de perto de Andrew que ainda tomava seu suco com gosto de meia suja e me acompanhava com os olhos para me seguir assim que terminasse o café. Percebi que enquanto todos comiam, George mandava duas moças anotarem algumas coisas, provavelmente o que todos comiam e o quanto comiam, isto é patético!
Me sentei e encostei em um pinheiro fora do circulo de arame farpado, observando Andrew fazer o mesmo minutos depois.-Está pensativa.-Olhou para mim.
-Estou pensando sobre hoje. Muita gente inocente vai morrer, muita gente que não tem culpa.
-Mas hoje é assim, July. Ou você mata ou você morre. George já matou muita gente esperta como nós, não sei como ainda eu estou vivo.
-Andrew, talvez você não tenha passado por tanta coisa ruim como eu. Perdi meus pais, minha irmã, meus amigos, minha família... Meu pai se matou quando minha mãe foi pega por um bando de andarilhos. Minha irmã tinha câncer e ninguém sabia, estava muito doente e um dia simplesmente morreu, virando um deles. Tive que matar para não morrer quando eu ainda era só uma pirralha indefesa. Eu sei como é a sensação de matar alguém que não tem nada a ver, é ruim de mais.
-Sinto muito por você, eu também passei por muita coisa ruim. Sei o quanto é horrível perder os pais, na verdade, a mãe. Ela era a única pessoa que eu tinha antes e depois de tudo. Mas eu a perdi. Graças a ela eu sou o que sou hoje.
-Sinto muito por você também.-Coloquei a mão sobre seu ombro e dei um sorriso pequeno sem mostrar os dentes.
-Obrigado, July.-Ele me deu um abraço que me surpreendeu e me corou. Rapidamente nos separei e me levantei.
-Vou indo, vou fazer algo, pra me distrair até a noite.-Sorri novamente e saí.
Voltei para minha barraca e me deitei. Várias coisas passavam por minha mente, uma delas era a imagem de uma July enfiando uma faca na nuca das pessoas. Espremi os olhos e mordi o lábio para tentar afastar isso de mim, eu queria mesmo era poder ficar em paz até que eu terminasse o serviço. Depois de tantos pensamentos, acabei adormecendo.
Acordei uma meia hora antes de tudo, quando Andrew apareceu ao meu lado me chacoalhando.
-Vamos, acorde!-Me levantei coçando os olhos e me ajeitando, enquanto ele me estendia a faca.-Daqui alguns minutos temos que pôr tudo em prática.
Enquanto o tempo passava devagar, eu olhava para o nada e tentava relaxar um pouco olhando para a luz da lua. Dormi muito tempo, nem almocei, nem nada. Quando menos percebi já era hora de agir. Vimos a sombra de George passar e fechar sua barraca.
-Vamos.-Andrew saiu primeiro e foi em direção ao vigia, que mal dava atenção á conversa do garoto.
Enquanto Andrew o distraía, eu abria lentamente e com muita cautela os zípers das barracas e erguia a faca, fechava os olhos primeiro e depois enfiava a faca na nuca das pessoas. Eu sentia tanto nojo de mim mesma a cada pessoa que eu matava, não queria que aquilo fosse mesmo real.
[...] Depois de quase concluído o plano, precisávamos matar o vigía e depois Georgie. Eu fazia sinal para Andrew o distrair ainda mais, enquanto me aproximava, quando estava com a faca apontada para o vigía, alguém me puxou pelos cabelos e Andrew, num pulo agarrou o vigía pelo pescoço e colocou a faca no mesmo, que estava desarmado e preso. Georgie estava me fazendo de refém, e Andrew o vigía.
Os únicos pensamentos que passavam pela minha mente eram: "O jogo acabou para você, July". Eu precisava reagir, mas estava desarmada e frágil naquele instante.
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Pessoassss!!! Perdoem a demora, mas eu não estou tão bem assim para postar.
Eu tento postar até a próxima semana.
Estamos crescendo em Views, que evolução!
Obrigada á todos, fico feliz em tê-los como leitores!
Grande beijo ❤
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Send a memories to the Devil // Carl Grimes
Fanfiction"-Você acha que, realmente, a minha família está viva e segura? Você acha que eu, que tive que amadurecer tão rápido e tão grosseiramente suporta perder a família mas não suporta enfrentar os mortos?-Suspirei irritada, ponderando uma das mãos na cin...