—você viu a cara dela?
sue me faz rir enquanto tenta imitar a cara que Lorayne fez quando a algumas horas atrás a desafiei, acho que em toda a minha carreira desde que entrei na empresa nunca tive que ser enérgica com ninguém.
Mas é bem o ditado que mamãe fala: Não mexe com quem ta quieto.
—eu tenho o projeto como te disse, quero você como sócia—Sue fala entusiasmada—claro que começaremos pegando pequenos projetos, o pessoal concordou Maná, quero você conosco.
—está bem.
Tenho boas economias, e agora estou desempregada. Dou de ombros e saio do carro de Sue, ela acena enquanto tira o carro da vaga de estacionamento. Depois que saímos da empresa, fomos a um café e todos estávamos conversando e falando sobre a atitude de Lorayne.
Fui coberta de elogios mas não me sentia orgulhosa, na verdade eu estava muito magoada e constrangida com a situação, simplesmente nunca senti na pele o preconceito e a exclusão, meus pais providenciaram para que eu crescesse cercada de amor em um lar estável, claro que eu sei que muitas pessoas me julgam pela minha aparência e a minha cor, mas nunca pensei que nos dias de hoje as pessoas ainda fossem tão preconceituosas.
Acho que é por isso que o mundo não vai para frente.
Cresci cercada de referências, acompanhei de perto todo o preconceito que mamãe enfrentou durante a vida, infelizmente na época que ela nasceu as mulheres negras não tinham tanto espaço na sociedade quanto hoje, ou um pouco mais de espaço assim dizendo.
Ela foi doméstica a vida toda, papai operário, mas eu sempre tive comida na mesa e tudo o que eles mais prezaram para minha vida foi o estudo, obviamente que não entendia minha posição no mundo, até perceber que era minoria na minha sala de aula, ou quando ganhei uma bolsa pra Harvard, pensando bem, estive cercada por um preconceito escondido as margens da sociedade.
Pego as chaves dentro da minha bolsa, Sue já partiu, me nego a acreditar que ainda existam pessoas que não gostam de pessoas diferentes, deficientes, negros ou imigrantes, quando penso que não vou ver mais nada... eis que me aparece também aquele cretino...
—mamãe!
Nem precisei colocar as chaves na porta da casa de mamãe, Ly sorri me apertando toda contente.
Eu a ergo no colo e aperto sentindo seu doce cheiro de colônia infantil, Ly sorri enquanto nos apertamos, meu coração se liberta da mágoa, a minha filha é tudo o que tenho de mais precioso na vida.
Ao menos para alguma coisa Benjamin Hill serviu na minha vida.
—Maná?
Meu coração vai se acelerando quando reconheço a voz, e Ly desce do meu colo quando me viro, sinto que lentamente desfaleço e minhas pernas ficam moles bem como meus braços, Benjamin Hill está no jardim da casa dos meus pais me olhando como se visse um fantasma, e eu a ele.
—oi—Lidsay fala e sorri para o homem sem saber quem ele realmente é ou qual significado dele em sua vida—mamãe, você trouxe um colega?
Benjamin olha pra Lidsay fixamente, e vou lentamente sufocando com o jeito como ele me olha em seguida.
—oi—Benjamin fala para nós duas.
—mamãe eu e a vovó fizemos biscoitos—Lidsay fala sorridente.
—que bom querida—consigo falar—poderia levar a bolsa da mamãe? Eu já entro.
—ta, tchau moço—Lidsay acena para Benjamin e pega a minha bolsa depois entra na casa dos meus pais toda alegre.
Se passa alguns momentos em silêncio, Benjamin Hill me olha de um jeito duro e ao mesmo tempo reflexivo, os olhos azuis como duas bolas de gude claras aderem a uma intensidade fora do comum e eu sei que nesse instante ele está confuso e chegando a conclusões das quais eu não gostaria que ele chegasse.
—o que quer?—pergunto de repente, Benjamin sobe os degraus da varanda devagar.
—vim conversar com você sobre o que aconteceu na empresa—ele diz incerto—você se casou?
—não—respondo sincera.
—é que aquela garotinha te chamou de mãe.
—porque eu sou mãe dela.
Benjamin me olha como se estivesse muito envergonhado pelo o que acabou de falar, e eu fico constrangida de saber que apesar de tudo, as pessoas nunca pensam que Ly é minha filha, claro, temos cores opostas, a fisionomia dela é toca como a de seu pai e não minha.
Pensando bem, acho que venho lidando com o preconceito a muito tempo.
—desculpe Maná—ele pede nervoso—acho que foi um erro eu vir atrás de você, mas é que eu comprei a empresa e não gostaria que ficasse com a impressão que ficou.
—não se preocupe—digo e desvio o olhar.
—você mudou muito nesses anos—Benjamin fala.
—você também.
Acho que eu era muito nova, muito iludida de pensar que um homem desses iria me querer.
—você parece brava—ele diz.
—eu estou—respondo—foi bom te ver Benji... quer dizer, senhor Hill, tchau.
—Maná...
Entro dentro de casa e fecho a porta sem olhar para trás, meu coração está aos saltos, acho que não temos nada a falar, ele não percebeu que Ly é filha dele e assim é melhor, é melhor para nós duas e para ele.
POR FAVOR, VOTEM!
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Big Love - Amor Imenso - DEGUSTAÇÃO
Romansa***SEM REVISÃO*** Em breve na Amazon Maná não é uma coitada, ela não encarava a vida de uma forma medíocre e muito menos se faz de vítima diante a sociedade, ela sabe o que é e onde quer chegar, ela também sabe de onde vem e o que não quer ser, uma...