O livro maldito

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Uma imagem aos poucos vai se formando em frente ao olhos de Rani.

- Ele está acordando! - Entende o que fala uma voz apesar de algo estar diferente na forma de falar.

- O gajo é mais forte que imaginamos! - As feições tomam a forma de um velho de cabelos brancos.

Então o livreiro lembra da figura que apareceu no holograma quando da invasão da casa.

- Onde estou? - perguntou sentando-se na cama e sentindo uma dor na nuca e o mundo girar. - Aiiii! - leva a mão direita na cabeça.

Fecha e abre os olhos algumas vezes. Tentando enxergar melhor. Tirar a imagem desbotada de sua vista.

- Olá rapaz, se sente melhor? - lhe indaga o velho.

- Mais ou menos! O que aconteceu? - quer saber.

- Nós fomos alvos de uns bandidos. Eles atiraram em nós! - responde Beth ao lado da cama.

- Eu fui atingido? Aiii...- reclama o brasileiro.

- Não! Você desmaiou e se machucou ao cair e bater a cabeça. Um aranhão de bala fez um corte em seu flanco direito.

- Hei! Hei! - grita o assustado brasileiro.

- Coisa pequena. Mas já está bem!  Beth nos deixe a sós, por favor! Se precisar lhe chamo! - O velho dispensa a secretaria que olhou preocupada para o rapaz.

- Estarei logo ali na porta. Não deixe ele lhe assustar. - Rani não sabe se foi um alerta para ele ou para o patrão da moça portuguesa.

Rani viu o velho apontar o dedo fino e cumprido para a porta e a secretária não falou mais nada.

- O que aconteceu? - pergunta novamente o brasileiro levando a mão à nuca.

- Vocês foram atacados. Alguém soube que você viria e tentou impedir nosso encontro.

- Como assim? Não falei a ninguém que viajaria. E porque tentariam me matar? Tem certeza disso? Não foi um atentado contra a Beth?

- Deixe-mos essas questões para a policia. Temos coisas mais importantes agora. Fale-me sobre o Catecismo dos Órfãos! Você o tocou realmente?

O rapaz brasileiro fez que sim com a cabeça.

- Sabe o que isso significa? - os olhos pequeninos do velho deram um salto, uma alegria e uma força escondida sob a aparência da fraqueza e velhice resurgiu. - Tú és um dos poucos mortais a estar com o livro que há de ter sido escrito pelo Demônio.

- Como?? - o assustado rapaz arregala os olhos e dá um pulo na cama limpando as mãos.

- É um livro místico. - o velho de cabelos brancos e bigodes negros girou na sala e ficou olhando o vazio, para então voltar ao quarto e falar novamente. - Notou, sentiu algo quando o tocou?

- Não! Mas... Agora, pensando melhor. Sua capa era mais maleável, mole e oleosa. O que significa?

- A capa é de pele humana. - diz o velho olhando firme para o rapaz sobre a cama.

- O quê? Como assim? - ele bateu as costas de uma das mãos na outra, como se estivesse se limpando na camisa.

- Eu nem me lembrava mais que possuía esse livro. Adquiri aquele lote de livros ha muitos anos  e nem sabia que continha o tal livro.

-- Mas como assim? Não é um colecionador? Não tem uma lista do que adquire?

- Detesto essas modernidades. Tecnologias modernas. Como livreiro você sabe que muitas vezes compramos pacotes fechados.

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⏰ Última atualização: Nov 20, 2017 ⏰

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