Acordo, enxergo o céu, levanto meio tonta de tanto sono, passo a mão nas costas porque está doendo, esfrego os olhos para ver melhor onde estou e fico pasma, digo em alta voz:
- Porque raios eu estou num cemitério?!!!
- Porque você está morta! - responde uma voz infantil atrás de mim.
Me viro e uma menina de cabelos cacheados com um camiseta amarela e macacão está sentada em cima de um túmulo.
Pergunto onde estão os pais dela e ela me responde que só as sextas eles aparecem trazendo flores.
Achei melhor deixa-la no lugar dela e ir procurar alguém que me ajudasse. Saio pensando:
Eu nem sei que cemitério é este!
Ontem eu estava indo num orfanato e agora acordo num cemitério!
O que aconteceu comigo?
Ainda pensando não percebi que atravessei um banco e quando tentei pegar no portão eu enxerguei que a mão passou pelo portão.
Inicialmente tive um susto, Olhei para trás e vi um banco - "tenho certeza que não tinha este banco ai, eu não sou fantasma para passar por ele" pensei comigo - depois sendo mais louca, resolvi me jogar no portão para ter certeza que eu não passaria pelo portão. Passei e me estatelei no chão! Então, constatei que era fantasma! Eu tinha morrido!
Após o choque inicial, olho para o portão do cemitério e vejo um cartaz.
Hoje, 31/10/2017, excepcionalmente,
o cemitérios não abrirá seus portões.
Ass: Direção
- COMO ASSIM?! – Eu berro! – Ontem era dia 14/10! – Ainda falo!
Completamente atônita eu resolvo ver como estava meu grande amor - no que eu pensei, me materializei no quarto dele. Estava deitado na cama, triste. Nisso entra um casal de amigos nossos e tentam anima-lo, mas sem fazer muito efeito.
Digo em voz bem alta:
- Levante-se, toma um banho quente, um café e bora viver!
Rosângela repetiu minha frase! Eu e o Arthur ficamos assustados! Eu, porque ela me ouviu. Ele, porque essa frase só eu falava para ele.
- Nossa, até parece a Samantha falando. Ok. Vou tomar banho e vamos ver se me animo.
********************
Mesa posta, Rosângela e Caio conversando sobre os eventos da igreja, Arthur aparece vestindo a camiseta vermelha que eu lhe dei de presente. Fiquei feliz!
Arthur pega a xícara, enche de café e pergunta sobre o que conversavam.
Caio fala sobre a ideia que eu tinha dado de ir ao orfanato fazer uma festa de Natal.
Arthur fica triste, mas logo depois pergunta como está este evento. Rosângela responde:
- Arthur, antes do atropelamento da Samantha, ela me mandou uma mensagem dizendo que estava indo num orfanato para saber quantas crianças tinha, entre meninos e meninas. Mas não me disse o nome do orfanato. O que eu sei é que era em Osasco e ela queria levar o que sobrou do nosso evento do Dia das Crianças, mais os brinquedos doados pelas crianças da igreja e quem sabe roupa também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Morri? E o Natal?
Short StorySamantha estava indo para um orfanato, ocorre um atropelamento e ela vem a falecer. Mas acorda no dia 31/10 e seus pensamentos são: Morri? E o Natal? Como está meu amor? Será que ainda terá o Natal? Conto criado para o concurso #ClubeDosArtistas do...