Acabo de acordar. Eu olho em volta mas não pareço estar satisfeito. Mesmo quarto, mesma decoração, mesma cama e o mesmo namorado.
Faustão dormiu aqui outra vez, e eu não estava tão aminado como de costume. Noite passada, vi algo que me deixou intrigado, algo não, alguém. Aquele ogro...
Meu coração sempre foi de Faustão, mas algo naquele ogro me encantava.
Faustão e eu estávamos saindo de uma festa de casamento quando avistei ele, o ogro. Ele tinha um olhar rude e misterioso, mãos verdes e grandes que despertavam algo em mim e um corpo tão grande e másculo que eu perdia o ar só de me lembrar.
Enquanto eu pensava no misterioso ogro Faustão abria seus olhos lentamente e sussurrava suas primeiras palavra do dia:
— Bom dia, meu lindo — ele se aproximou para me dar um beijo. Eu recuei. — O que houve, bixo?
— Nada, só preciso escovar os dentes. E acho que você também deveria — aquele gordo tinha um bafo fodido de manhã.
— Tudo bem. Mas você tá esquisito, Jaja — ele se levantou e colocou sua camisa branca, abotoando-a discretamente de cima para baixo, era como vestir um bujão de gás. — Que horas são?
— 10h30.
— Oloco, meu. Já tô atrasadão. Tenho que ir pro Projac entrevistar umas dançarinas pro meu programa — ele começou a acelerar seus movimentos e se arrumar rapidamente.
— Tudo bem, eu vou fazer um teste pra um papel em um filme chamado "É essa peça que você queria?", preciso estudar as falas.
— Te vejo 12h30 no lugar de sempre?
— Claro, meu ursão.
— Até mais tarde, meu — ele me beijou, pegou uma maleta marrom e saiu pela porta quase que voando.
[...]
— Jailson Mendes — disse uma voz feminina que ecoou pela sala de espera.
— Sou eu — levantei da cadeira quase que em pulo. Estava muito nervoso.
— Me acompanhe.
Eu segui ela, fomos andando por um longo corredor indo em direção a uma porta marrom escuro.
— Entre — a moça disse já abrindo a porta.
— Ok... obrigado.
— Ao seu dispor.
Eu passei pela porta com o brioco nas mãos. E se desse errado? E eu estragasse tudo? O melhor que eu tinha a fazer, era permanecer calmo e não estava conseguindo.
Haviam apenas três pessoas na sala, dividindo uma só mesa. Uma moça com aparentemente uns 20 anos e um rosto meigo, uma mulher um pouco mais experiente(velha) com olhos grandes escondidos atrás de um óculos de cor vermelha que parecia ser bem carrasca, e um homem com aproximadamente 43 anos com uma barba grisalha e um olhar intimidador. Que homem!
— Muito bem, Jailson... Mendes — disse a mulher, me olhando por cima dos grandes óculos. — Pode começar.
Foi ai que eu travei, não sabia mais o que dizer, mas respirei fundo e lembrei daquele roteiro que li. Então, comecei:
— É essa peça que você queria?...
Não tive forças pra continuar, mas fiquei ali e encarei os três, foi quando a mais velha me olhou...
— Muito bem, o papel é seu. Volte aqui segunda para iniciarmos as gravações.
Eu estava radiante, não via a hora de contar para o Faustão. Olhei pro pequeno relógio no canto da sala. Já eram 12:17, precisava ver meu homem.
— Estou liberado?
— Claro — desta vez pude ouvir a voz doce da moça.
[...]
— Ursão, está me esperando há muito?
— Não, meu. Só queria que tu chegasse logo pra mim ir no banheiro. Já pedi teu pavê e o suco de laranja, bixo.
Fausto disse isso e já saiu se borrando. Ele soltava uns peidos bem fedidos...
Na ausência de Faustão o inesperado acontece. O ogro apareceu.
Ele se sentou pouco mais de um metro de mim e eu podia sentir que ele estava me olhando.
O garçom não demorou muito e trouxe os pedidos, hambúrguer e Coca-Cola para o Faustão. Como sempre.
Quando crio coragem de olhar para o ogro me surpreendo. Ele está vindo até mim. E agora?
— Oi — ele disse enquanto puxava a cadeira onde Faustão estava sentado. Provavelmente o calor de seu rabo ainda estava lá.
Ele falou comigo. Eu não sabia o que fazer, então resolvi cumprimentá-lo também.
— Oi.
— Então, você gosta de pavê? — ele começou a puxar assunto.
— Gosto. Amo na verdade. E você?
— Gosto muito, também — ele falava de um jeito tão safadinho que eu me afogava de desejo em suas palavras.
— É pavê ou pra comer? — tento descontrair um pouco.
— Isso eu não sei. Mas esse cú aí? É pavê ou pra deixar o OCO?
Meu coração se acelerou. Eu estava diante de uma linda obra de arte verde e deliciosa. Mas fiz o certo.
— Esse cú já tem oco, e dono também — digo isso enquanto mexo meu suco de laranja delicadamente com o canudo.
— Sinto muito, eu não sabia — ele parecia bem envergonhado. — Enfim, me chamo Shrek.
— Jailson, Jajá pros íntimos.
Nesse momento Faustão aparece um tanto aborrecido.
— Oloco. O que tá acontecendo aqui, meu? Eu saio por 10 minutos e teu cú já tá pegando fogo bixo.
— Não aconteceu nada. Só estávamos conversando. Me chamo Shrek — ele estendeu a mão para Faustão.
— Faustão Pentelho.
Shrek foi embora. Faustão e eu almoçamos. Ele não disse nada durante o almoço, apenas comeu, pagou a conta e fomos embora.
Como um bom cavalheiro ele me levou até a porta de casa, se despediu com um toque suave em meus lábios, mas dessa vez foi diferente. Algo havia mudado em sua voz, nos seus olhos e no seu sorriso. Ele não se despediu com nenhum beijo quente, com juras de amor e não disse o quanto amava a cor da minha pele — bombom, é como ele chamava. Não sei dizer o que mudou, mas nada está igual.
Amei Faustão sem pensa em outro alguém durante três anos. Mas de alguma forma aquele ogro realmente mexeu comigo...
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Um ogro e o Faustão dividem um coração
RomanceJailson era apenas um morador de Osasco uma cidade criminosa e violenta de São Paulo. Ele tinha um namorado, um animador de palco que sempre animava Jailson de diversos modos ( ͡° ͜ʖ ͡°). Mas algo muda quando Shrek, a perfeição em forma de ogro roub...