Oneshot.

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"Essas covinhas são ilegais..."

Esse foi o primeiro pensamento que invadiu minha mente no instante em que observei o loiro sorrir, e por sinal: Que sorriso... Seus olhos se fechavam como pequenas linhas em seu rosto – assim como se fosse um personagem de quadrinhos sorrindo – e as suas covinhas apareciam como pequenas crateras adoráveis em suas bochechas, que por sinal aparentavam serem as mais macias de todo o planeta.

– Obrigado. – Sua voz invadiu meus ouvidos, me fazendo acordar de meus devaneios e chacoalhar a cabeça lentamente, fechando os olhos e a boca.

– Volte sempre. – Finalmente o respondo, guardando o dinheiro no caixa e observando o garoto se retirar da cafeteria dos meus pais na qual eu trabalhava durante os dias.

Ajeito os meus fios escuros de cabelo, soltando um longo suspiro e deixando um sorriso tomar meus lábios. O garoto e suas covinhas não saíram de minha mente durante um minuto se quer durante o resto do meu expediente, nem mesmo durante meu longo banho, no caminho de ônibus ou nas aulas da faculdade. Como um erro de um anjo, como um pecado, realmente suas covinhas eram a coisa mais perigosa que eu já tive o puro prazer de observar.

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No dia seguinte, a porta da cafeteria abre com aquele sininho habitual e novamente ele estava lá. O garoto olhou para mim e sorriu docemente, eu não resisti em retribuir o sorriso ao menor, que logo se sentou na mesma mesa do dia anterior e fez exatamente o mesmo pedido: Um pedaço de bolo de chocolate com recheio de avelã e uma xícara de cappuccino. Faço questão de lhe entregar seu pedido e novamente recebo o seu sorriso como agradecimento.

De longe, observo seus detalhes, como ele apreciava a comida, como ele era másculo, mas, ao mesmo tempo, uma criatura fofinha, em como enquanto ele encarava seu celular com a expressão séria, elas estavam bem escondidas, entretanto a cada mínimo sorriso as covinhas invadiam seu rosto novamente.

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Os dias foram se passando assim: Às vezes, infelizmente não todos os dias, ele aparecia na cafeteria e fazia exatamente o mesmo pedido. Às vezes sozinho, às vezes acompanhado de seu amigo – e graças as conversas dos dois eu pude descobrir que o garoto das covinhas ilegais se chamava Jooheon – mas ele quase sempre estava lá sorrindo.

Havia se passado um ano desde a primeira vez que lhe vi e aos poucos fui me apaixonando pelos seus detalhes, mesmo que nunca tivéssemos trocado uma palavra se quer sem ser como cliente e atendente.

Porém Jooheon sumiu.

Hoje completa um mês sem ele vir pedir o seu bolo e cappuccino, um mês sem as covinhas pelas quais eu estava apaixonado, um mês sem sua risada ecoando pelo estabelecimento enquanto conversava com seu amigo. Sinceramente, estava nervoso e preocupado, todos os dias encarava a porta esperando o sino tocar e o pequeno loiro entrar por aquela porta.

E hoje isto finalmente aconteceu.

Porém algo havia acontecido.

Ele me olhou como sempre e eu sorri, mas você apenas abaixou a cabeça. Seus olhos pareciam vermelhos e seu rosto inchado, você havia chorado recentemente. Aproximo-me de sua mesa certo que ouviria o pedido de sempre, mas nem isto você fez.

– Vou querer apenas um café americano, sem açúcar. – O garoto, que eu tanto associava a um doce, tanto por sua aparência, nome, jeito e pedidos, agora parecia amargo com sua voz rouca.

Trago lhe seu pedido e, arrumando coragem nem mesmo eu sei da onde já que era tão tímido –a ponto de lhe observar em segredo por um ano sem coragem para falar com o mesmo – sento em sua frente, observando sua expressão com cuidado.

– Aconteceu alguma coisa? – Observo o garoto levantar o olhar e abrir a boca para dizer algo, mas logo abaixar a cabeça e negar, fungando baixo. – Aconteceu sim, mas você não precisa falar se não se sentir confortável. –

Ele olha para mim de volta e sorri, aquelas covinhas preenchem minha visão e sinto meu coração acelerar e minhas bochechas adquirirem um tom rosado.

– Você é fofo, parece um ursinho. – O garoto fala com a voz ainda rouca, porém soltando uma risada baixa e sincera.

– E você é lindo, parece um bebe. – Sua risada é substituída por uma cara surpresa quando eu sussurro isto, mas logo ele volta a sorrir.

Estava apaixonado pelos seus detalhes, por suas covinhas, pelo seu sorriso.

Como se fossemos amigos de longa data, começamos a conversar naturalmente ali, rindo e conhecendo melhor os gostos um do outro. Ele estava no terceiro ano do ensino médio e pretendia cursar artes cênicas, por outro lado eu estava no ultimo ano da faculdade de psicologia e logo mais me formaria.

Minha mãe, que já tinha notado meu interesse pelo fiel cliente loiro, quando nos viu conversando me liberou para que saísse com o mesmo e foi isso mesmo que fizemos. Fomos para um parque, tomamos sorvete, brincamos com um cachorro lá, fomos a um fliperama, conseguimos vários pontos e eu ainda peguei para o garoto um urso de pelúcia em uma maquina. Ele abraçou forte a mesma e disse que ela iria se chamar HyunWoo e foi nesse momento que eu percebi que não estava em uma simples paixão.

Lentamente coloquei minha mão na bochecha do menor que ficou serio e me encarou.

– Hyung, você vai me beijar? – Ele perguntou em um sussurro quando nossos rostos já estavam próximos e eu apenas me permiti sorrir, roçando nosso lábios em um beijo doce, assim como eu imaginei que os lábios rosados do garoto fossem.

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Quando deu 17h, sabia que precisava ir para a faculdade então me despeço do garoto com mais um beijo sincero e o mesmo tira uma carta de sua bolsa, entregando me a mesma.

– Leia isso só quando chegar em casa, ok? – Eu concordo e ele sorri doce. – Obrigado por hoje, por tudo na verdade, me desculpe por qualquer coisa... Adeus, eu acho. –

Fico confuso com sua fala, então rio fraco acariciando sua bochecha.

– Yah! Isto não é um adeus. – Digo apertando levemente as mesmas, confirmando meus pensamentos de quão macia elas eram.

– Tem razão... – Ele ri fraco, diferente das outras vezes. – Então até a próxima. –

– Melhorou. – Lhe dou mais um leve selar antes de nós afastarmos.

Porém Jooheon estava certo.

Aquele era o adeus.

Quando cheguei da faculdade em casa, estava tão cansado que dormi direto, então no dia seguinte, um sábado chuvoso, eu li sua carta.

Ela não era grande, mas era preocupante. Com sua letra bonita e redondinha escrita com uma caneta preta, ele me pedia socorro. Ele me contava sobre seu pai abusivo que lhe batia e batia em sua mãe, contava sobre como estava tudo sendo infernal na casa dele, contava como ir até a cafeteria, comer aquele bolo e me ver lhe deixava melhor.

Mas me pedia socorro.

Seu endereço estava na carta e ele me contava que o pai dele chegaria de madrugada bêbado como sempre e ele estava com muito medo, ele me pedia ajuda, ele pedia que eu fosse até lá e ligasse para policia.

Saio correndo de casa e pego o primeiro taxi que vi até o endereço indicado. Meu coração estava a mil, porém eu demorei de mais, eu cheguei tarde de mais.

Ao chegar ao endereço, os policiais já estava lá, assim como a ambulância. Pergunto o porquê e descubro: Um homem bêbado enlouqueceu, matou a mulher, o filho e a si mesmo.

Naquele momento o clima fez sentido, as gotas grossas da chuva caiam na mesma intensidade que minhas lágrimas. Eu perdi o meu amor.

Para sempre.

Tudo por causa da merda de uma preguiça pós-aula e de um louco bêbado descontrolado.

Jooheon e suas covinhas eram um anjo.

E agora ele havia voltado para o céu.

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Eu gosto muito desse ship, sério, mas quase não tem fanfic então eu simplesmente resolvi escrever shushaus

Espero que gostem, foi feita com todo o meu carinho pelo meu otp flop <3

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⏰ Last updated: Oct 13, 2017 ⏰

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Dimple {SHW + LJH - ShowHeon}Where stories live. Discover now