Carlos Eduardo - Você não tem mais absolutamente nada para fazer?

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─ Caê, você não tem mais absolutamente nada para fazer em uma manhã de domingo? – Meu irmão entrara no meu apartamento e mexia em absolutamente tudo. Minhas caixas, meus cds, meus livros.

─ Ora, guri, tenho direito de saber como o meu irmãozinho está instalado? – Passou para a cozinha e começou a mexer na minha louça. – Além disso, queria ver se você ficou chateado comigo por conta de ontem...

─ Ah! Bateu a dor na consciência... – Coloquei meus óculos para ler a correspondência atrasada da semana, contas e reunião de condomínio.

─ Não mesmo. – Ele sorria descaradamente. – Embora eu possa admitir que talvez tenha exagerado um pouquinho...

─ Sei... Talvez... Um pouquinho... – Continuei a ler.

─ Mas, Kadu, você tem de concordar comigo que a Atmosfera precisa de estratégias de marketing mais instigantes. Mais gente famosa circulando. E a sua participação no programa pode alavancar esse público.

─ Caê, o faturamento da casa está ótimo. – Aleguei, mesmo sabendo que ele estava certo.

─ Sim, mas por quanto tempo? – Meu irmão nasceu para aquilo. Ele aprendeu direitinho a lição de estar sempre um passo à frente em termos de divulgação. – A casa tem que estar sempre na boca do povo, sempre badalada, sempre...

─ Sim, mas eu preciso me expor por conta disso?

─ Um pouco de exposição não vai lhe fazer mal, piá.

─ Para com esse sotaque, Caê.

─ Para de ser teimoso, mula!

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Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora