Carlos Eduardo - Vou deixar você na empresa

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─ Kadu, vou deixar você na empresa e ir direto para o escritório da Daniela.

A agente de Bruna não parara de ligar desde que soubera da notícia. Temia pelas atitudes destemperadas de Bruna, mas, surpreendentemente, minha vizinha estava controlada até demais. Ela desligara o telefone até sair da emissora. A conhecer Daniela, deveria estar mastigando os chinelos de tanta apreensão.

─ Você está bem?

─ Você não para de me perguntar isso?

─ Bom, muita coisa tem acontecido. Estou preocupado com você.

─ Essa é minha vida, Kadu. As coisas dão errado. Sempre dão errado. Vai se acostumando. – Do nada, no meio do trânsito, em pleno sinal fechado, ela desaba no choro. Os carros começam a buzinar e ela nem se mexe.

Eu então desço do carro no meio da rua, faço com que ela passe para o banco do passageiro e começo a dirigir sem saber exatamente para onde. Bruna chora desconsoladamente. Meu coração está do tamanho de uma ervilha, percebo que a dor dela é minha também.

Sem me dar conta, chegamos a Atmosfera. Eu queria um lugar seguro de fotógrafos indiscretos, ávidos pela tristeza de Bruna. Eu a abraço.

Ficamos um bom tempo em silêncio no salão principal da minha casa de show. Hoje, completamente vazia. Até que a sua respiração começa a serenar. Eu vou buscar um copo d'água. Quando eu volto, Bruna tinha feito um esforço para lavar o rosto. Estava com o telefone na mão, estava ligando para Daniela. Enquanto o número chamava, ela me disse:

─ Sabe, Kadu, eu só queria saber por que tudo sempre tem que dar errado para mim?

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora