Capítulo 1

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Ainda me recordo do dia em que te vi. Você trajava uma camiseta azul, com um estampado que eu não conseguia observar direito, uns calções branco apagado, e suas sapatilhas eu não consegui enxergar.

Eu estava do outro lado da calçada e você mexia no seu celular distraído.

Eu voltava do shopping, e sim, eu já te conhecia do colégio, mas aquela foi a primeira vez que eu te reparei.

E sabe que mais, eu não gostava de você, e quando eu te vi rolei os olhos.

– Que ser tão irritante – eu disse. Olhei para você mais uma vez e continuei caminhando.

Você era o colega da minha melhor amiga Leila, eu te via no colégio, mas eu não te reparava e justo naquele dia eu reparei em você... Eu te olhei.

Nos outros dias eu não reparava em você como tal, simplesmente julgava você e dizia que você era um garanhão, alguém que se achava, você se achava o todo poderoso e sabe que mais? você sempre foi um garanhão e esse é um dos motivos pelo qual eu te odiava e me sentia irritada ao te ver. Eu não conhecia o seu íntimo. Eu conhecia seu exterior, um exterior que em parte é verdadeiro.

Raras vezes você passava do meu corredor, então era difícil nós nos encontrarmos, isso em parte era bom.

Eu não gostava da sua presença. Você me causava arrepios e desgosto. Você simplesmente me incomodava Rafael.

Algumas semanas se passaram e você passou por mim e minha colega de carteira, Willy. Eu olhei para você, soltei um xio e rolei os olhos.

– O que foi? – Willy perguntou.

– Ele é convencido, não é? Que ser tão irritante, tão... Uff – acabei bufando ,
Willy riu e não disse nada.

Eu não ia pra sua sala visitar Leila por que estava realizando alguns trabalhos e andava sem tempo. Mas a partir do dia em que eu te vi na rua eu comecei a te olhar, a observar você, antigamente você só passava por mim e eu rolava os olhos, você nunca tinha me feito nada mas eu te odiava, eu nem te conhecia mas você me irritava, eu realmente não gostava de te ver e te achava um ser que não deveria existir na sociedade.

Mas justo naquele dia eu precisava falar com Leila e subi até a vossa sala, e te encontrei. Você estava com uma das suas amigas, junto a um dos pilares do colégio conversando, e ela acabou te abraçando. Eu ri, sem mostrar os dentes, mas ri, ela era tão baixinha e você muito alto o que dificultava o abraço, aquilo foi tão engraçado, patético e ridículo, sua expressão não era das melhores o que mostrava que você só a abraçava por abraçar e mais uma vez eu me perguntei como tantas meninas conseguiam olhar para você e te achar um Deus grego? Um bonitão dos últimos tempos, o que elas viam em ti?

Larissa, o que é isso? – a minha consciência me repreendeu – Eu só posso estar louca – disse num tom quase inaudível.

Continuei caminhando e fui falar com a Leila. Eu a contei que dentro de dias iria passar um mês em casa da minha tia para ela me ajudar no trabalho de Desenho que o professor havia marcado. Eu não era nada boa em matéria de desenho e por isso precisava de uma pequena ajuda. Nós tínhamos que desenhar uma cidade que deveria conter um hospital, uma escola, um shopping, um prédio habitacional, postes de iluminação, estradas e um parque infantil a dois pontos de fuga numa cartolina A1 e entregar ao chato do professor.

– Com que então vais a casa da tua tia? – perguntou Leila com os olhos direcionados a você e sua amiga.

– É sempre assim? – perguntei com certo desinteresse.

– O quê? – ela perguntou, se direcionando a mim.

– Ele e as meninas, esse ar de convencido.

Eu Queria Que Fosse Você Onde histórias criam vida. Descubra agora