Acima do Céu | COMPLETO |

Capítulo 8

Rafael

Ouvi meu nome e me virei com um sorriso no rosto, pronto para conhecer a menina que Raphaella tanto fala. Não liguei o nome a pessoa e foi instantâneo quando meu sorriso murchou ao ver de quem se tratava. Isso não poderia estar acontecendo comigo, não agora, não nesse momento.

Pai, por que está fazendo isso comigo?

Sinto-me um arcanjo incompetente e fraco. Incompetente por não prever que isso aconteceria e fraco por não ter resolvido esse problema naquele dia no parque. Simplesmente não consegui matá-la, quando coloquei meus olhos nela foi como se de alguma maneira estivéssemos ligados. Giulie é só uma criança, ela não conhece a maldade desse mundo, seu coração é bom e agora eu sei por que ela é assim. Raphaella lhe dá amor e isso responde muitas das minhas perguntas do por que ela ainda não é má.

Agora eu percebo que não tenho para onde correr e preciso resolver isso imediatamente antes que uma grande confusão se estabeleça. Não queria ter que fazer isso, mas as circunstâncias não me dão outra alternativa. Olhei para os lados vendo a rua vazia, Raphaella me olhava confusa e Giulie estava pronta para falar.

― Raphaella, feche os olhos agora e só abra quando eu mandar, disperse seu pensamento ― ordenei entrando em sua mente.

Seus olhos se fecharam lentamente, sua mente se focará em pensamentos e se desligará da realidade por curtos segundos.

― Rafael, é você ― Giulie sorriu largamente. ― Rapha, eu já conheço ele ― olhou para a irmã. Raphaella mesmo dispersa segurava Giulie em seu colo. ― O que houve, Rapha? Abre os olhos...

― Ela vai abrir logo ― falei interrompendo-a. ― Giulie, olhe para mim ― pedi. ― Ouça o que vou dizer, Raphaella não pode saber que nós nos conhecemos, você entende? ― arqueei as sobrancelhas.

― Por que você é um anjo? ― assenti. ― Vai ser tipo um segredo nosso? ― arregalou os olhos.

― Isso, você sabe guardar segredos?

― Sei, eu prometo ― beijou os dedinhos.

― Tudo bem, então você sabe o que fazer ― falei.

― Raphaella, você acabou de me apresentar sua irmã, agora abra os olhos ― falei em sua mente e devagar ela abriu os olhos.

Usei esse tipo de manipulação muitas vezes quando precisava curar pessoas sem que elas soubessem o modo que estavam sendo curadas. Não gosto de fazer isso com ninguém, mas nessa ocasião se fez necessário ou não sei o que poderia ter acontecido. Humanos não podem saber sobre a nossa existência em hipótese alguma.

― Oi Giulie, sua irmã fala muito de você ― sorri encarando-a.

― Vai lá cumprimentá-lo Giu ― Raphaella colocou a irmã no chão. Ela deve estar se sentindo um pouco aérea pelo que fiz, mas nada que vá a atrapalhar.

Giulie veio ao meu encontro com um sorriso nos lábios, me abaixei para ficar na sua altura, ela abraçou-me rapidamente e beijou meu rosto. É impossível não sentir carinho por essa menina, Giulie tem um jeito tão especial de ser.

― Você é muito linda! ― falei com um sorriso.

― Obrigada, você é muito bonito também ― falou. ― Você vai passear na minha casa hoje? ― perguntou animada.

― Não ― dei risada.

― Ah! ― murmurou emburrada. ― Rapha, convida ele ― olhou para a irmã.

― Giulie ― Raphaella repreendeu-a. ― O Rafael deve ter outras coisas para fazer, mas outro...

― Eu não tenho nada para fazer ― interrompi-a.