Just like animals.

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Faltavam poucos minutos para a disputa finalmente começar e a ansiedade já se encontrava em todo o meu corpo enquanto eu esperava. Só o pensamento de entrar em meu carro e acelerar o mais rápido que eu (não) podia, fazia com que os restos dos meus dias valessem a pena. Principalmente porque eu sabia que ninguém conseguiria me vencer.

Comecei a participar de rachas há alguns anos e me apaixonei completamente pela sensação causada por eles. Sim, é ilegal, eu sei. Talvez seja isso que torna tudo mais divertido e excitante. A adrenalina em minhas veias, percorrendo todo o meu corpo, me fazendo querer cada vez mais. É a minha droga. E eu não acho que tenha uma cura para isso.

A disputa de hoje será fácil. Como de costume. Eu não conheço o cara, e parece que ninguém sabe realmente quem ele é; sem identidade, sem rosto, sem voz. Ouvi dizer que ele participa de rachas menores em outras localidades. E que é bom. Então, quando houve o boato de que ele queria apostar comigo, aceitei no mesmo instante. Eu não perdia para ninguém há muito tempo, corri com os melhores da cidade, do país; meu nome já era conhecido em muitos lugares por causa do meu talento e de minhas vitórias. Esse cara desconhecido podia até ser bom em suas corridas amadoras por aí, mas não na minha pista. James Potter mostrará a esse estranho com quem está se metendo.

O barulho de alguém batendo na janela do meu carro fez com que eu despertasse de meus pensamentos subitamente. Sem que eu percebesse, automaticamente minha feição ficou irritada ao olhar para Sirius, pois ele sabia que eu odiava que alguém tocasse em meu carro. Sabendo o que sua revirada de olhos e sua boca falando "Vamos logo" significavam, abri a porta e saí. Meu adversário havia chegado.

— Qual o nome do suicida que vai me enfrentar hoje?

— Ah, ele não usa o próprio nome. É um daqueles corredores que colocam apelidos em si próprios para intimidar os adversários — Sirius respondeu. — O dele é Blood.

Fiz uma careta em resposta, o que fez com que Sirius risse.

— Você acha que eu devo me preocupar com o cara? — perguntei retoricamente.

Eu sou James Potter, rei dos rachas, com o que, ou quem, eu deveria me preocupar?

— Veja com seus próprios olhos — disse Sirius, rindo abertamente.

"O que diabos é aquilo" era o que eu me perguntava repetidamente quando pus meus olhos nele. Agora eu conseguia entender o porquê de o Sirius estar rindo. Não havia nem sequer uma parte do corpo do homem que podia ser vista; um macacão todo fechado, luvas, botas e até um capacete – UM CAPACETE – faziam o uniforme do cara.

— Será que ele acha que tá na Fórmula 1? — Sirius sugeriu rindo.

— Talvez ele pense que é menos humilhante perder se ninguém souber quem ele é. — Sirius soltou uma gargalhada em concordância.

— Vai lá e acaba com essa múmia.

Me aproximei do desconhecido e de um dos "organizadores" do evento, cumprimentei os dois, mas o homem não pareceu ser muito simpático.

Porra, James, já tava na hora. Temos mais corridas hoje além dessa, é bom que sejam rápidos. — Abri um sorriso convencido; não existe ninguém mais rápido do que eu. — Boa sorte aos dois, tentem se manter vivos. Ah, não esqueçam da única e importante regra: não sejam pegos.

Com os nossos carros já nos devidos lugares, olhei para meu oponente. Ele ainda não havia tirado seu capacete e não parecia disposto a conversar com ninguém, nem para convencer pessoas a apostarem nele. Estranhar esse comportamento era inevitável, assim como ficar curioso quanto a isso.

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