De novo

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Samira

Interfone tocando, olhei pela câmera de segurança e lá estava o carro da floricultura mais famosa da cidade. Aff... Vou fingir que não tem ninguém em casa, sei que isso é muito feio, mas só para variar, estou com a minha pantufa e meu pijama lindo, que parece uma camiseta comprida e não quero que estranhos me vejam assim. Fiquei olhando o entregador apertar o interfone mais algumas vezes e foi embora. Menos mal, tenho certeza que era engano e deve ser da vizinha. Ele vai olhar o endereço na prancheta e vai ver que a entrega é em outro lugar.

Cyndi Lauper cantava Girls Just Want To Have Fun no home theater, enquanto eu bebia o resto da bebida que o Rodrigo trouxe ontem e lembrava-me de cada segundo que ele passou aqui.

Homão da porra!

Sorrio enquanto penso em tudo que fizemos e suspiro pensando em tudo que podemos fazer. Ele tem que ser o cara certo, tem que ser! Mas se não for, vou usar aquela frase: vou me divertir com o errado enquanto o certo não aparece.

Fiquei com meus pensamentos por mais alguns instantes até que meu celular me trouxe de volta a realidade.

— Oi. — Cumprimentei o Rodrigo.

— Oi gata, Como você está?

— Estou bem. — Ele estava estranho.

— Está em casa?

— Sim, estou. Por quê?

— Nada, só pra saber mesmo.

Sorri.

— Já está com saudade e quer vir me ver? — Provoquei, mas na verdade, eu que já estava com saudade.

— Sempre. Podemos nos ver hoje?

— Claro.

— Tudo bem, te pego umas oito horas.

— Combinado.

— Então, tchau, beijos...

— Beijos.

Desliguei e ficou uma vontade de fazer como aqueles casais que dizem te amo no final da ligação, mas muita calma.

Rodrigo estava estranho, parecia que tinha ligado só para saber se eu estava em casa. Gostaria de ter alguém para ligar e avisar que vou sair, que cheguei, um relacionamento em que eu pudesse almoçar na casa da família e levá-lo para almoçar com meus pais, e quando penso nisso, imagino o Rodrigo: comigo, sorrindo e completando essas cenas. Acho que realmente não foi uma boa ideia almoçar com a família dele, desde então, não paro de ter ideias que nunca tive e não deveria ter. Fui tirada dos meus pensamentos mais uma vez e dessa vez foi pelo interfone tocando. Olhei pela câmera e lá estava o entregador novamente. Tentei fingir que não estava em casa, mas ele não parava de tocar o interfone. Mas que coisa!

Saí para atendê-lo e dizer que era endereço errado.

— Por favor, Samira? — Ele perguntou de cara.

— Sou eu. — Nem tive tempo de dizer nada e o entregador já foi colocando um lindo buquê e uma caixa nos meus braços.

— Assina aqui, por favor. — Assinei. — Obrigado.

E então ele entrou no carro e se foi.

Entrei em casa segurando aquelas rosas lindas e ainda sem entender o que elas faziam ali comigo. Abri a caixa e tirei lá de dentro um sapo de pelúcia, a coisa mais linda, que em uma mão ele tinha uma plaquinha e na outra segurava uma pequena coroa, que foi amarrada a mão dele. No fundo da caixa tinha uma carta, a peguei e li.

DEGUSTAÇÃO De repente meu  anjo - Série AngelsOnde histórias criam vida. Descubra agora