DEGUSTAÇÃO De repente meu anjo - Série Angels

A notícia

Capítulo oito

Rodrigo

Namorar não era tão ruim quanto pensei, na verdade namorar era bom e eu estava curtindo ter para quem voltar, ter para quem ligar e ter com quem me importar. Às vezes acho até que exagero. Esses dias, passamos por um momento de turbulência, quando a Lívia sofreu um acidente e fiquei puto com a Samira que ficou muito tempo com a amiga acidentada e se esqueceu de mim. Mas poxa! Eu não estou acostumado a namorar e quero minha namorada sempre para mim. Isso rendeu um pequeno desentendimento, mas que resolvemos fazendo amor, e com isso por diversas vezes eu quase disse que a amava.

Passamos as segundas de folga sempre juntos na casa dela ou na minha, saíamos para jantar, cinema, andávamos de mãos dadas e namorávamos. Samira quase não ia à Angels, por conta dos estudos, mas sempre compensávamos isso quando ficávamos juntos e eu jurava para ela que estava me comportando.

Pedi para ela marcar um almoço com os seus pais, para eu conhecê-los, mas ela sempre me dizia que iria esperar para ver se eu merecia esse almoço, que para os seus pais ela só me apresentaria quando o namoro fosse sério. E eu ficava puto, porque para mim nosso namoro era mais que sério, mas Samira parecia sempre esperar que eu ferrasse com tudo.

Eu também queria contar para a minha família toda, mas a Samira também não deixou e como desculpa, ela fazia piada que o nome dela nem se quer começava com "R" e isso só podia ser um sinal de que não daria certo.

Como se fosse lei, no domingo, estou trabalhando já pensando que amanhã é segunda, vou pegá-la na faculdade e o dia será inteiro nosso. Apesar de amar meu trabalho as horas parecem não passar e já fiz tanta coisa, que me sinto cansado. Acabei de fazer a conferência do estoque com um dos funcionários e estava saindo para ir ao escritório, quando alguém segurou meu braço e me fez parar.

— Estou tentando falar com você há semanas. — Michele falou brava. — Pode me ouvir, por favor?

— É profissional, Michele? Por que se não for...

— Cala a boca! — Ela me interrompeu e parecia nervosa — Não é profissional. É pessoal e eu tenho que te falar... É importante.

— Pode falar.

— Não dá para falar aqui. É sério. Você pode passar amanhã no escritório para conversamos?

— Tão sério assim?

— Sim.

— Tudo bem, amanhã eu passo.

— Fico te esperando.

Ela virou-se, foi embora, eu fiquei a olhando ir e me perguntando o que de tão importante ela tinha para me contar que nem tentou me levar para um sexo no escritório?

Voltei para o trabalho e esqueci a Michele. A noite passou e a Angels estava bombando, como sempre. Quando a casa fechou, fui para casa, dormi até quase a hora de ir buscar a Samira na faculdade, mas antes de buscá-la, decidi passar no escritório da Michele e saber o que era afinal, que ela tinha para me contar. Se for alguma maneira de me levar para cama, já vou logo falar para ela que sou um homem comprometido, agora.

Cheguei ao prédio em que ficava o escritório e fui direto para a sala da Michele. A secretária dela me anunciou e a Mi pediu para que eu entrasse.

— Oi. — A cumprimentei quando entrei em sua sala. — Me diga o que tem de tão importante para me dizer.

— Estou grávida. — Ela disse sem rodeios e com um sorriso discreto no rosto.

De princípio eu fiquei sem entender o porquê ela me chamou ali para me contar que estava grávida, mas aí o entendimento me veio quando me lembrei da noite de sexo que tive com ela um pouco antes de começar a namorar a Samira, e aí a cor foi drenada do meu rosto, eu congelei e o ar me faltou.

— Calma, Rodrigo. Não é o fim do mundo.

— Me diz que eu não sou o pai.

— Claro que você é!

— Mas eu me preveni. Usei camisinha.

— Isso não quer dizer nada, existem diversos fatores que podem fazer a camisinha falhar.

Levantei-me e passei as mãos no rosto. Isso só pode ser brincadeira da Michele, ela não pode estar falando sério.

— Você pode pedir DNA assim que o nosso bebê nascer se não confia em mim. — Michele parecia ofendida e eu me senti péssimo por isso.

— Tudo bem, desculpa, mas eu estou em estado de choque. O que vamos fazer?

— Eu não vou tirar esse filho.

— Está louca? Nem eu te propus isso. Mas eu estou namorando.

— Eu sei e nem eu e nem nosso filho queremos atrapalhar seu namoro.

Ela começou a chorar e eu me senti um babaca. Engoli em seco e fui até ela, sentei-me a sua frente e disse:

— Pode contar comigo, vamos ter esse filho. — Ela sorriu entre as lágrimas.

E eu só conseguia pensar em como eu iria contar isso para a Samira. Ela não vai entender, mas eu não quero perdê-la. Eu a amo, ela precisa saber disso, mas como vou dizer que a amo e que vou ser pai de um filho com outra?

Filho. Pai. Eu vou ser pai.

Fui embora do escritório da Michele e disse que ela poderia me ligar e me dizer tudo que precisasse e se sentisse algo, que eu estaria com ela e eu a apoiaria. Eu estava numa confusão de sentimentos e decidi que não iria buscar a Samira na faculdade. Eu precisava pensar. Como vou resolver isso?