Falsa

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 Samira

Havia passado uma semana desde a história do shopping e a Michele não voltou a nos importunar com seus enjoos, tonturas e todo o mal estar que ela inventava para tirar o Rodrigo de perto de mim. Hoje é segunda, acabei de sair da faculdade e resolvi ir até a casa do Rodrigo, fazer uma surpresa, acordá-lo com beijos e o nosso sexo intenso de sempre.

Entrei silenciosamente, pois já tinha a chave dele também, estava seguindo para o quarto para acordá-lo, quando ouvi uma voz sussurrante e feminina vindo da cozinha. Fui até lá e ouvi o finalzinho da conversa antes de ver quem estava ali e ela dizia:

­—... Sim, ele está acreditando, mas não sei até quando.

Conheci quem era, assim que cheguei à porta da cozinha, quando vi aquele cabelo ruivo horrível.

— Sim, mas ela vai ter que começar a crescer um dia. — Ela falou sussurrando, se virou, cruzando o olhar com o meu e perdeu a cor do rosto em seguida.

O que essa piranha está fazendo aqui?

Ela desligou o celular imediatamente e me disse com cinismo:

— Olá, querida. Estava aqui falando com uma amiga que já é uma velha, mas não cresce, sabe? Vive querendo ficar com homem de outras. — Ela sorriu, passou por mim, foi para a sala e eu a segui.

Enquanto eu me encaminhava para a sala meu celular começou a tocar e quando olhei no visor era o Rodrigo e eu desliguei.

— Você não devia estar na faculdade?

— Você não devia estar cuidando da sua vida? — Perguntei com a cara fechada, desligando mais uma vez o celular com a chamada do Rodrigo.

— Ah, ela está bravinha por me encontrar aqui junto com o boy dela. Ops! Meu boy. — Ela sorria vitoriosa.

— Cala a boca, Michele. O que você faz aqui?

— Olha, você quer mesmo saber, gata? Porque acho que você não vai gostar. Aqui estava bem quente antes de você chegar, Rodrigo foi até tomar banho.

Ele não pode ter feito isso comigo. Deve ser mentira dessa cobra.

— Eu te avisei que ele era meu, você não quis acreditar! — Ela deu de ombros, totalmente dona de si e olhando para as unhas em desdém. — Ele até brincou de apaixonadinho com você, massss... É comigo que ele vai ficar, a mãe do filho dele. — senti o sangue subir e minhas bochechas ficarem vermelhas de raiva.

— Cala sua boca, sua piranha. Quer ficar com ele? Fique! — Gritei e no mesmo momento vi sua feição mudar e seu rosto ser tomado por uma inocência fingida.

— Mas Samira, eu estou te falando, só passei aqui para pedir ao Rodrigo que me leve ao médico, pois estou impossibilitada de dirigir. — Fiquei olhando para ela, com a testa franzida, sem entender do que ela falava.

— Você é uma piranha abusada e está usando da gravidez para ficar com o Rodrigo.

Ela me olhava com um olhar inocente.

— Mas Sá, fica calma, eu só vim pedir ajuda. Ai — Ela colocou a mão no pé da barriga. — Ai, ai, minha barriga.

— Michele! — Rodrigo saiu de trás de mim e foi correndo até ela e se abaixou a sua frente. — Vou pegar a minha carteira para te levar ao médico.

Passou por mim me lançando um olhar recriminador e foi até o quarto, mas no instante que ele saiu, Michele me lançou um sorriso vitorioso que logo foi substituído pela cara de dor quando ele voltou.

— Ela está fingindo, Rodrigo!

— Samira, para!

— Ai, vamos logo, Rô, tá doendo muito. — Um choro fingido era simulado por ela.

— É mentira dela! Ela não está sentindo nada, Rodrigo. Ela estava sorrindo. — Eu gritei.

— Por favor, Samira.

— Ai, ai, ai. — Michele gritava com a mão na barriga.

— Para de fingir. — Gritei indo para cima dela e Rodrigo me segurou e gritou comigo.

— Cala a boca, Samira! Tenha um pouco de compaixão, ela está gravida e passando mal. — E o chão foi tirado dos meus pés. Ele acredita nela. Ele gritou comigo.

Olhei-o não acreditando que ele estava gritando comigo por causa dela. Engoli as lágrimas e o vi passando as mãos no cabelo de nervoso. Assenti e não discuti mais, apenas concordei:

— Tudo bem. — Peguei minha bolsa e me virei para sair.

— Samira, espera! — Ele tentou vir até mim.

— Não. Fica com ela. Vocês se merecem. — Estava saindo, mas me voltei para a Michele e falei: — A vilã Carminha, perde feio pra você.

— Rodrigo, está doendo. — Ela gemeu com uma voz tão mentirosa que senti vontade de vomitar.

— Sejam felizes!

Saí sem olhar para eles, fui andando de pressa para o meu carro e quando entrei nele, me permiti chorar, chorar e chorar. Vi quando o carro do Rodrigo passou pelo meu e fechei meus olhos tentando esquecer a voz dele gritando comigo. Ele me trocou por ela, ele gritou comigo por causa dela. Para ficar a favor dela. "Vai chegar o dia que ele vai ficar contra você e a meu favor." Ouvi a voz da Michele na minha cabeça, quando me lembrei desse aviso que ela me deu.

Limpei meu rosto coberto pelas lágrimas e tentei dirigir até em casa. Dei seta para sair da vaga em que eu estava estacionada e segui dirigindo rua a fora. Parei no semáforo que estava vermelho para mim e quando ficou verde eu parti, mas no momento seguinte tudo ficou escuro após eu ouvir uma freada e em seguida um estrondo fez tudo se apagar quando a lateral do meu carro foi atingida e eu desmaiei.

DEGUSTAÇÃO De repente meu  anjo - Série AngelsOnde histórias criam vida. Descubra agora