Capítulo 29

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Raphaella

Minha cabeça se encontra numa total confusão desde o episódio no restaurante ontem, e se tem algo que eu odeio é que me façam de boba. Rafael não deveria ter me escondido que conhecia esse Beliel, por isso ele está todo esse tempo aqui e com essa proteção que não entendo. Não sei seus motivos, mas para não ter me contado imagino que tenha um bom motivo e eu quero saber tudo.

O clima no hospital foi péssimo, Bella estava muito abalada e chorou boa parte do tempo com medo de perder a mãe, só melhorou quando pedi um calmante ao médico e então ela dormiu um pouco, já eu passei a noite sem pregar os olhos. Não esperávamos que a Tia Dulce sofresse um enfarte, ela não tem nenhum problema no coração, sua saúde sempre foi excelente e confesso que tenho medo que o pior aconteça. O médico disse que o caso é muito delicado e grave, ela está internada na UTI e quadro ainda não teve nenhuma melhora. Ver minha amiga nessa situação dói muito, todos são muito importantes para mim, me deram apoio no momento que mais precisei e eu não saberia lidar com mais uma perda na minha vida.

Não nego que estou com saudades de Rafael, estamos vivendo sob o mesmo teto, porém distantes, e fui eu quem construiu esse muro nessas poucas horas. Ontem ele me amparou e eu me senti protegida, mas continuei na defensiva. Giulie está inquieta com essa situação, ela gosta muito do Rafael, se apegou nele tanto quanto eu, e essa situação mexe com todos nós.

Prendi meu cabelo num coque e saí do banheiro indo para a sala, Rafael estava próximo a janela.

— Pronto, Giulie — olhei-a séria e de imediato ela saiu.

Rafael andou em passos largos até a porta e franzi a testa.

— Eu já volto — falou rápido.

— Rafael, onde você vai? — perguntei confusa.

— Não saíam daqui — disse sério, como uma ordem.

Quem ele pensa que é?

Decidida a ver o que estava acontecendo eu saí atrás dele, mas assim que passei pela saída do prédio só avistei ele virando no beco. Não sei como correu tão rápido, Rafael deve ter condicionamento de maratonista. O que ele foi fazer lá? Isso é estranho, muito estranho. Nunca gostei daquele beco, costumam consumir drogas e bebidas.

Andei em passos rápidos, cansei, mas enfim cheguei ao beco. Avistei Rafael e um homem, que não conseguia identificar o rosto, pois está contra o muro. Já está escurecendo, então dificulta um pouco. Rafael está batendo nele? Arregalei os olhos e comecei respirar acelerado. O homem que até então não via o rosto, se virou um pouco e paralisei. É o Beliel. E ele me viu. E sorriu. Esse homem me desperta calafrios! O que está acontecendo aqui? Rafael não parece ser violento, mas o modo como ele está agora me deixa muito confusa. Não conseguia ouvir a conversa pela distância, mas quando uma luz muito forte tomou conta de Rafael... E... E...

Asas?

Devo estar vendo coisas, isso só pode ser uma alucinação. Minha imaginação nunca produziu algo semelhante a isso, mas só posso estar ficando louca. O que ele... Que coisa é essa? Com as mãos na boca sentia meu corpo tremer, eu só desejava correr para longe, mas minhas pernas estavam moles. Rafael se virou e seus olhos encontraram os meus, a luz parece fazer parte dele e é intensa demais a ponto de me cegar. Pisquei por diversas vezes e a luz sumiu. Eu corri. Corri muito.

Entrei no apartamento e tranquei a porta, fechei as janelas, e o meu coração batia tão forte que eu precisei parar alguns instantes para recobrar meus sentidos.

— Giulie, cadê você? — gritei desesperada. Não sei como pude deixá-la sozinha.

— O que foi, Rapha? — ela apareceu no corredor.

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