O passado de volta

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Ufa! Finalmente consegui realizar meus sonhos. Agora, depois de um ano de estágio, estou efetivado. Vou cobrir editoria de entretenimento, não era o que queria, mas é um começo.
Lutei tanto na faculdade, fiquei tanto tempo desempregado e não me vejo no direito de reclamar. Aliás, como diria minha avó: cavalo dado não se olha os dentes.
Estou feliz mesmo com minha namorada, Denise,  viajando a trabalho. Mas, ela mandou um beijo e boa sorte por mensagem.
Tudo dando certo como sempre sonhei. Agora sou dono da minha vida. Por um momento temi que algo acontecesse, esse tal medo da felicidade. Até que meu telefone tocou.
- e aí , Re. Beleza?
- quem eh?
- o Pedro, você não tá lembrado de mim?
-ah sim, que surpresa boa você me ligar - disse com sarcasmo na voz
- hahaha, engraçadinho. Você vai rir mais ainda quando descobrir que sua paixaozinha da faculdade está no happy sister.
- o que? Não pode ser...
- sim, agora você vai poder ver a "p" todo dia na TV.
Fico em silêncio. Minha cara de espanto assusta colegas de redação que perguntam se estou bem. Disfarço e volto às minhas atividades.
Não era possível. Tanta gente para entrar em um reality show, tinha que ser ela? Foi tão forte o que a gente viveu. Quer dizer, o que eu vivi porque essa paixão só existiu na minha cabeça. Eu era tão apaixonado e assistia a Pamela nos braços dos outros. E o pior éramos colegas de sala.
Curioso é que a minha atual odeia a p. Isso porque a conheci no dia da formatura. A Denise, amiga da minha amiga Ana,  veio falar comigo de forma doce. Naquele mesmo tempo, vi a Pamela beijando um trouxa. Na mistura de carência, raiva e  ciúme, meu sangue subiu , mas não quis deixar barato. Taquei um beijo de cinema na D. A pam notou, meus amigos mais chegados perceberam. E a Denise mesmo surpresa, gostou.
Aí fomos ficando e estamos juntos até hoje. Mas minha paixão pela Pamela ainda está guardada e explode toda vez que ficamos perto.
Na última vez, estavamos na cobertura de um protesto. Ela piscou olho para mim e flutuei em pensamento. Até que ouvi um estampido. Na verdade a piscada não era um aceno, mas sinal de que a polícia estava chegando. Quase tomei um tiro por isso kk.
Depois nunca mais nos falamos. Nem respondeu minhas mensagens.
Agora ela ficará numa casa, vigiada 24 horas por dia por câmeras e o país inteiro comentará seus passos.
Ela vai falar de mim? Sente algo por mim? E a Denise vai ficar brava?
Para fugir desses pensamentos, foquei no trabalho. Até que me chefe, Alberto, me chamou para discutirmos novas pautas.

Amor vigiadoWhere stories live. Discover now