hurt; 2jae.

i'm falling down.

Dor.

Esse era o único sentimento que conseguia distinguir.

Por quê?

Era a única pergunta que corria em sua mente.

Ele não era uma pessoa ruim, nunca foi, mas as pessoas insistiam em dizer que sim.

E o pior era que não era culpa dele, não! Jaebum não podia fazer nada, ninguém podia, e era claro que o outro devia seguir o próprio sonho afinal, quem Youngjae era para atrapalhar sua vida, não é mesmo?

Agora ele se encontrava ali, a mercê do nada, qual era o sentido de continuar se não tinha por quem? Se não tinha ninguém.

O frio de Mokpo se chocava contra o rosto pálido, os lábios secos, e os cabelos escuros recém pintados juntamente com sua pele que era coberta somente por uma blusa fina. Sentado no chão e agarrado as próprias pernas como se dependesse daquilo para viver, Youngjae deixava que as lágrimas lavassem seu rosto. Não havia sentido para nada que estava acontecendo, as dores físicas nem se comparavam as mentais, só queria por um fim em tudo aquilo.


〈◦◦◦〉

- Jae, eu prometo que eu volto quando as coisas melhorarem, me perdoa. - Os olhos de Im ameaçavam marejar, mas Choi sabia que não passava de encenação.

- Tudo bem, Jaebum. Espero que você seja feliz. - Suas lágrimas não eram contidas, a cada uma que escorria era como se lhe cortasse, lhe ferisse, mas não somente a pele e sim sua alma.

Im Jaebum não estava somente partindo. Ele estava lhe tirando de sua vida e o abandonando, mais uma vez Choi se via sem ninguém, sem um porto seguro, somente ele e... ele mesmo.

- Eu vou manter contato com você, eu não vou te deixar sozinho, eu juro Jae eu te amo muito.

〈◦◦◦〉

Mas não, Im não manteve contato, ele nem ao menos sabia se YoungJae estava vivo, se comia, se dormia, e a resposta para tudo isso era não. Choi mal conseguia raciocinar, trabalhava como um robô, seus amigos de trabalho se preocupavam mas ele insistia em dizer que estava bem e que daria um jeito para tudo... E mais uma vez não, Youngjae não estava dando um jeito, somente estava deixando sua vida decair, o pequeno apartamento em que morava aparentava ter passado um furacão.

E em sua alma também.

E em toda sua existência..

E naquele momento só queria que as marcas terminassem de lhe matar, porém alguém lá em cima teve piedade de si não deixando que aquilo acontecesse... Mesmo essa não sendo a vontade de Choi.

〈◦◦◦〉

- Você realmente não serve pra nada. - A voz sarcástica do filho mais velho da família assustara Youngjae que estava sentado em frente ao hall do prédio em que morava, que com seu livro em mãos, pensava se sua vida também não poderia ser como as dos personagens, em que após todo o transtorno que os rondava acabavam tendo um final feliz.. Pobre Jae. - Quero falar com você, agora.

Youngjae ficou estático, fechando o livro que estava em suas mãos e se ergueu, não dando tanta diferença por ser mais baixo que o irmão. Era óbvio para qualquer um que visse a situação do garoto, abatido, magro, sem cor, as olheiras enormes e os olhos fundos, sua vida estava indo de mal a pior. Então ele somente assentiu ainda incerto, começando a caminhar atrás do outro.

E aí foi seu maior erro, seu irmão não queria conversar, não com um diálogo.

Ao se dar conta já estava sendo espancado por pelo menos 3 homens, que não tinham piedade alguma.

- Era desse jeito que você queria um dia ter o orgulho do pai? - Ele gritava, enquanto feria o próprio irmão com chutes, murros, o sufocava. - Você é um lixo, não devia ter nem nascido! A mãe devida mesmo ter te abortado enquanto tinha tempo! - E a visão do Choi mais novo começava a ficar turva, por conta do choro, da angústia, claro que sabia que não era querido pela família somente não esperava estar naquela situação.

E quando teve aquela sorte, que nem queria, viu os 4 corpos se afastarem de si dando as costas e o deixando ali jogado.

〈◦◦◦〉

Ao retomar a própria consciência estava em casa, deitado na banheira, remoendo tudo que a vida tinha lhe tirado.

Jaebum.

Não, não foi a vida que o tirou, havia sido o próprio.

Juras de amor nunca seriam suficientes, sabia disso. As memórias eram vivas na mente de Youngjae e aquilo o torturava, o massacrava, a fonte de felicidade que Jaebum havia sido para si um dia agora se tornara esmagadora, destruindo seu coração.

E a pior parte é que Choi ainda tentou seguir, tentou seu melhor para o esquecer, mas não fora o suficiente. Queria gritar, mas não havia mais voz; queria chorar mas não haviam mais lágrimas, só o que havia dentro de si eram memórias frescas de seus velhos hábitos que o atormentavam como pesadelos.

Se deixou afundar na banheira deixando somente o rosto para fora, e mesmo de olhos fechados a luz que os iluminava enquanto andavam felizes pelas ruas de Mokpo pela madrugada era viva, trazendo consigo novamente toda a dor, que o acompanhava todos os dias.

〈◦◦◦〉

- JaeJae, canta pra mim? - Soava a voz melodiosa e grave do namorado. - Eu amo te ouvir cantar, e Odd também.

O sorriso largo do mais velho aparecera, enquanto acariciava os fios loiros de Youngjae que descansava a cabeça em seu colo. Após um suspiro baixo, Choi deixou que a música começasse a soar baixa, aumentando seu tom gradativamente, sentindo o peito de Im subir e descer rapidamente.



새벽을 걷는다
오늘 남은 모든 걸 흩날리듯
밤공기 품은 채 어둡기만
한 끝도 없는 하늘을 보면
손끝에 닿을 듯해
한숨으로 버티던 오늘
바보 같은 날 흐르는 별에
걸음을 맞춘 채

(Estou passando pelo amanhecer
Como se eu pudesse destruir o resto de hoje
O céu é infinito e escuro com o ar noturno
Quando eu olho para cima, sinto como se eu pudesse tocá-lo
Eu aguentei este dia com suspiros
Ao combinar meus passos tolos com as estrelas que fluem)

〈◦◦◦〉

O ar lhe faltava nos pulmões, que chegava a arder, então assim era o fim? Seu corpo tentava protestar involuntariamente contra aquilo mas não, desta vez diria não para ele mesmo, não para a vida, não para os malditos dias ensolarados que lhe remetiam a falsa felicidade que viveu, não para toda aquela bagunça que simplesmente não poderia ser arrumada.

A escuridão então chegou, pondo fim em todos os momentos de dor de Youngjae.