Nunca me deixe partir

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Era a comemoração de 5 meses de namoro, Annie havia escolhido o restaurante e feito a reserva a um mês e meio, estava muito ansiosa esperando pela noite "perfeita", a noite em que esperava ouvir de Louis tudo o que ele não disse durante todo esse tempo, ele era um pouco arredio, muito fechado; pra soltar um elogio era uma dificuldade. O tipo de pessoa que dificilmente pede desculpas.  Ela sabia disso, mas o amava de uma forma que qualquer defeito ficava camuflado no fundo daqueles olhos castanhos.

Tudo ocorreu bem durante o jantar, o peixe estava perfeito e já estavam na segunda garrafa de vinho; conversaram sobre coisas corriqueiras, como as inúmeras corridas de Kart que Louis ganhou, um pouco sobre os costumes da cidade de Annie, cujos habitantes eram considerados caipiras para o resto dos Estados Unidos; Riram bastante, pareciam dois amigos e não um casal. O plano era terminarem a noite especial no apartamento de Louis em Beaufort.

-Por um minuto eu pensei que você não quisesse pegar na minha mão Lou.

- Deixa de ser boba, não é assim não.

Ela deu de ombros

"Love me tender, love me sweet"

-Eu simplesmente amo essa música – Annie começa a cantarolar acompanhando o rei do Rock no rádio do carro.

" You have made my life complete..."

- Lou Naquela noite, você sentiu alguma coisa? Porque eu senti, e foi muito estranho pra mim. Saí do bar pensativa, como havia sido a primeira vez que eu te vi, pensei: Que coisa estranha! – Disse Annie lembrando da noite que se conheceram.

Sim, ele havia sentido, e quando seus olhos encontram os dela, algo dentro dele despertou, como se uma voz em sua cabeça dissesse: -É ela!

Se arrepiou inteiro ao lembrar daquela noite, o sorriso dela era lindo e a risada era contagiante; as paisagens passavam rapidamente pela janela do carro. Ele se limitou a dizer:

-Uhum.

Não conseguia expor seus sentimentos com tanta facilidade, da última vez que se entregou tão rapidamente a uma paixão foi enganado e extremamente decepcionado. Annie o olhou um tanto quanto desapontada, esperava bem mais do que uma simples resposta monossilábica.

-Nossa! Quanto entusiasmo ao falar de nós, pensei que eu tivesse um pouco mais de relevância na sua vida, estou vendo que não.

Louis engoliu a seco e pensou numa resposta bem elaborada, porém soltou uma desculpa esfarrapada.

-Desculpa, eu não estava prestando atenção.

-Como sempre

Louis sempre escutou tudo com atenção, principalmente quando ela se derretia em elogios ou quando dizia de todas as maneiras, sutis e não sutis que gostava dele. Ele sempre se fazia de desentendido ou mudava de assunto. Rezava pra que no fundo Annie entendesse essas atitudes em entrelinhas e fosse mais devagar com o andor da carruagem, ela era muito intensa e ele se sentia tão raso, tão despreparado para um novo relacionamento. Mesmo sabendo que Ann era a mulher perfeita pra ele, algo dentro de si tinha pavor de se entregar. Havia uma frase que ele disse uma vez que deixou Ann pensativa e se corroendo pra saber o que de tão grave aconteceu em seu antigo relacionamento para que ele fosse assim, nunca tocaram no assunto: - "Cachorro picado por cobra tem medo de linguiça".

Love me tender, love me long"

-Você vai mesmo me deixar falando sozinha? Não sabe o quanto eu fico extremamente irritada com isso. Me sinto uma idiota.

-Para! Você só está lembrando dessas coisas porque bebeu um pouco, hoje não é um bom dia pra falar sobre essas coisas, vamos conversar sobre isso um outro momento.

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