Capítulo 38 - Oslo

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Alaric saiu do quarto decidido a andar um pouco. Se sentia sufocado por estar junto de Isaac. Um misto de culpa, vergonha e arrependimento o fazia se questionar: Se Aidan fosse ainda o mesmo, ele se sentiria mal por Isaac? Ele queria saber, pois a única coisa que conseguia sentir, é que estava errado. Não podia ter apontado o dedo para Isaac, podia? A fortaleza o deixou cego? Alexis o deixou cego? Agora que não a tinha, assim como não tinha mais sua casa segura, tudo que Alaric queria era sua família. Sua família como antes.

- O que faz aqui fora? - perguntou uma moça ruiva assim que ele chegou na calçada do hotel. A noite começava a cair. Ele a observou tragar o cigarro que segurava. Sabia que ela era do conselho.

- Precisava andar. - ele respondeu incerto. Colocou as mãos nos bolsos do casaco.

- Posso ir com você? - ela perguntou sem receio.

- Acho que sim... - ele concordou e a observou apagar o cigarro antes de jogá-lo fora.

- Não costumo fumar, mas esses dias tem sido estressantes. - ela se explicou e os dois começaram a andar. - É o Alaric, não é? "O neto bom" - ela perguntou com um sorriso no rosto. Alaric se divertiu com o tom que ela usou e assentiu - Sou Amanda, estou no seu grupo.

- Gostaria de saber algo sobre você para colocar da mesma forma. - ele sorriu.

- Só sou uma professora. - Amanda riu, não via outra característica para si mesma.

- É a Amanda, não é? "A professora" ?- eles riram juntos.

- Isso!

- Então Professora, o que faz aqui fora?

- Seu avô nos deixou com uma tarefa importante. Bom, não sei se todos a levaram com a mesma seriedade, mas não é no mínimo curioso existir algo mal em você? Conhece o seu maior pecado, Alaric?

- Meu avô nos questionou sobre o pior hoje, o que é uma ironia quando ele sempre nos criou buscando mostrar o melhor que temos. Eu não acho que conheço meu maior pecado ainda Amanda, mas nos próximos dias irei descobrir.

Amanda riu mais alto do que Alaric esperava. Colocou as mãos nos bolsos também e continuou o seguindo.

- Está bêbada? - Alaric a questionou mesmo que tivesse certeza. Achou engraçado como os olhos dela estavam arregalados.

- A conta vai para seu avô, não vai? Fazia anos que não bebia um Whisky caro. Um desses realmente bons que tinham no hotel. - ela riu mais uma vez. - Estou sendo estúpida! - levou as mãos ao rosto. - Me desculpa!

- Não está sendo estúpida, só está nervosa.

- Eu deveria estar dormindo...

- Você pode dormir mais tarde. - ele sorriu para ela, a achando engraçada. - Então você é professora em Milesville?

- Sim, sou. E sou muito boa nisso! - Amanda esfregou as mãos e depois aqueceu o nariz com elas. - Mas isso nem importa mais, importa? Eu convenci o Luc a vir, o enchi o saco! E agora não estou mais certa, a coragem sumiu. Não estava com medo de morrer, mas agora estou. - ela riu consigo mesma. - Quão heróica eu sou, hã? Não fiz nada na minha merda de vida! Ano que vem faço trinta anos e essa é a primeira maldita vez que saio dos Estados Unidos. Tudo que conheço é Denver e Milesville! Não tenho filhos, nem um carro legal, muito menos histórias pra contar. Eu não queria morrer sem essas memórias. É deprimente! - os olhos de Amanda marejaram.

- Você vai ter muitas memórias ainda, só precisa de um pouco de fé. - Alaric sorriu. - Minha vida é há pelo menos duzentos anos, a mesma, e eu me sinto aliviado pelos próximos dias, porque a única certeza que tenho é de que nada será como antes. Vai ser um recomeço!

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