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Gui preparou a câmera, ajustando o foco. Estava ansiosa por mais um vídeo, embora um tanto apreensiva com a proporção que a história poderia alcançar. Em sua cabeça,várias hipóteses se formavam, inclusive, a de uma encrenca gigantesca, pois a bomba estava prestes a explodir. No entanto, era preciso muito coragem para seguir adiante, por isso, não poderia deixar de admirar sua amiga por sua impressionante decisão.
Depois de tudo ajustado, sentou-se ao lado da Fran. Tocou seu braço gelado, largado sobre o colo, quase sem pulsação. Ela não estava nada bem. Tinha os lábios roxos, olhar caído, pele pálida como papel.
- Fran? - Chamou Gui, um pouco antes dela desabar em seus braços.
Com muita dificuldade a arrastou para a cama e começou a dar leves batidinhas em seu rosto.
- Calma! Fecha os olhos e respira fundo. Vou buscar um pouco de água.
- Não! - Segurou-a, sem força alguma. - Minha mãe vai descobrir.
- Mas, Fran...
- Não, Gui. Por favor. O que combinamos? - Suplicou, virando-se na cama, ficando em posição fetal. Seu estômago contraía de tanto enjôo. - Vai passar, garanto que vai passar.
Gui respirou fundo e se deitou ao lado da amiga. Quanto sofrimento! Gostaria de ter o poder de fazeral guma coisa ou, mais ainda, de desfazer tudo que havia acontecido na última semana. Toda aquela situação repentina era tão injusta com a Fran, que ainda era uma menina ingênua e romântica.
Demorou certo tempo e ela parecia ter adormecido, até que se remexeu, deitando-se de barriga pra cima. Depois de um suspiro profundo despertou novamente.
- Melhor? - Perguntou Gui, fixando seus olhos castanhos. O rimel preto acentuava ainda mais sua palidez.
-Mais ou menos...
- Respira, fica tranqüila.
- Tranquila? Impossível... - Não conseguiu conter o choro. - Gui?
- Oi?
- Quem é você mesmo? - Perguntou enxugando o rosto.
- Sua amiga unicórnia, sua boba! -Disse dando-lhe um beijo na bochecha. - E você?
- Sua amiga sereia... No momento uma sereia muito grávida.
Riram um pouco mais animadas, mas logo foram novamente envolvidas por um silêncio perturbador, que dizia muito sobre o futuro imprevisível e intimidante.
- O que vai ser de mim, Gui? -Perguntou, deixando cair mais uma lágrima.
- Bom, deixa eu começar... Você vai ficar redonda e inchada por nove meses, depois vai ter um bebê lindo, que pode ser um menino ou uma menina, e eu estarei ao seu lado, amiga, para o resto da sua vida.
