ROMANCE ESPÍRITA SÁFICO ♀+♀
Ângela é uma médica de família rica e tradicional, mora no Rio de Janeiro. Independente e bem-sucedida, se vê sentindo algo inusitado, algo fora dos padrões que a sociedade estabelece. Algo abominável aos olhos de muitos...
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"A morte é uma brincadeira de mau gosto que acontece todo dia, mas sempre caímos na piada velha!"
Fabí voltou para casa depois de conversar com Luciana. Havia um recado de Anselmo na secretária eletrônica, não iria poder jantar em casa, limitou-se a dizer apenas isso.
— Ok — disse para si e ouviu a campainha tocar. Foi atender e sorriu feliz ao ver Ângela na porta. — Anjinho! Que surpresa boa.
— Oi... — disse, sorrindo e abraçando a cunhada, carinhosamente. — Vou fazer um jantar na minha casa amanhã e convidei o Fernando — avisou, enquanto se dirigiam à sala ainda num meio abraço.
— Anjinho, amanhã tenho compromisso. — falou, afastando o rosto para olhá-la.
— Fabí! — falou em tom de censura.
— Marquei com uma amiga.
— Amiga? Você acabou de chegar e já tem amiga? — perguntou, sorrindo.
— Já. Sou rápida nessas coisas. Já arrumei apartamento para morar também.
— Sério? O Anselmo aceitou tranquilamente? — Sentou-se no sofá com uma perna dobrada sobre o móvel e a outra no chão para ficar de frente para Fabí.
— Ele não sabe ainda, mas como vive fazendo as coisas pelas minhas costas, não me importo tanto.
— Fabí, por favor, você precisa reencontrar o seu irmão. Recomeço a trabalhar na segunda e posso não ter tempo de novo.
— Estou com um pouco de medo...
— Medo do que? O Fernando é um doce de pessoa.
— Estou com medo — ela disse e olhou nos olhos azuis da médica, lembrou-se de Anselmo e de seu futuro casamento sem amor. Levantou-se: — O medo da morte, sabe? Essa brincadeira de mau gosto, que acontece todo dia, mas sempre caímos na piada velha.
— Do que você está falando, Fabí? O que o Fernando tem a ver com morte?
— Nada. — Notou que não era hora para ter aquela conversa com Ângela. Sentou-se novamente. — Tudo bem, eu vou...
— Você está estranha. O que houve? E esse assunto de morte?
Fabí forçou um sorriso e a olhou nos olhos:
— Nada. Sério! — Foi salva pela campainha tocando. A bombeira se levantou e abriu a porta, surpreendeu-se ao ver Fernando, que apenas ganhou massa muscular, mas seu rosto estava exatamente igual ao de dez anos atrás. Com exceção de um olhar gélido e sombrio com que encarava a irmã.
— Fernando?
Ângela viu o ex-marido encher os olhos ao reconhecer a irmã. Ficou observando.
