Os dois jovens, corriam disparados do comerciante irritado que os perseguia pela rua molhada da garoa que caía. Na fuga, sem perceber, enveredam por um beco sem saída. Vendo-se encurralados, lançam um olhar de rendição em direção ao homem resfolegante fronte eles. O corpo parrudo fechando a passagem, uma expressão muito séria em seu rosto...
- Por favor não faça nada com a gente.- Implora a garota esguia, seus cabelos escuros molhados, caídos sobre os ombros e as clavículas muito aparentes.
- Só roubamos a maçã para enganar a fome.- Justifica o rapaz segurando a dita cuja, produto do furto. Ele se põe na frente da jovem, formando uma barreira protetora entre ela e o comerciante. O ladrãozinho tinha uma arma na retaguarda de sua cintura, mas só a usaria em último caso.
- Não irei fazer mal a vocês. Mas... - faz uma pausa. Estava ofegante devido a corrida.- os cigarros, passem para cá. Vocês não tem idade para isso.
Os dois se entreolham. Ele correra aqueles dois quarteirões só pelos cigarros?
- Cigarros?- indaga um.
- Não pegamos nenhum cigarro.- afirma outro.- só a maçã.
- Ah não?- o Comerciante os aborda para uma revista, tateando suas roupas maltrapilhas com suas mãos compridas. Eles não apresentavam resistência. Só então ele sente o cheiro forte de alcool e maconha que deles exalava.
- Ei! - queixa-se o garoto.- tire as mãos dela!
O homem alto, observa um volume suspeito no bolso do menino e mete a mão em seu interior.
- Veja só o que temos aqui...- Disse o homem exibindo dois maços de cigarro meio amassados, puxados do bolso do shorts do garoto. Cabisbaixos, ambos esboçam um olhar envergonhado.
- Jovens como vocês deveriam estar na escola e não roubando e se drogando assim. Onde estão seus pais?
- Não temos pais.- revela o garoto.
- Moramos na rua.- completa a menina.
O homem bem que desconfiara, devido ao estado em que se encontravam: descalços, sub desnutridos, pés sujos, cabelos despenteados e roupas aos trapos. Um sentimento de compaixão desperta nele.
- Não precisavam ter roubado. Se me dissessem que estavam com fome eu os daria algo de comer.- ele afaga as cabeças deles.- Olha, nunca mais façam isso outra vez, está bem? Muito menos por cigarros ou coisas do tipo.
Eles balançam a cabeça positivamente, embora soubessem que não iriam cumprir a promessa.
- Bem, é isso. A maçã fica com vocês.- ele gira nos calcanhares.- Adeus. E saiam da chuva!- E se vai.
- É a primeira vez que alguém é tão gentil assim conosco.- comenta o garoto, vendo o homem dobrar a esquina. Os pingos de chuva que encharvam seu cabelo cacheado escorriam por sua tez parda e pelo meio de sua coluna, lhe fazendo sentir um calafrio.
- Verdade... - concorda a garota.
- Bom, ao menos ele deixou a maçã, Michele.- diz o garoto entregando-a à ela, sua fruta predileta.
- Obrigado.- Agradece- Mas a maçã é apenas um tira gosto. Meu corpo pede mais que isso. Quero algo que me dê algum barato, algo nocivo...- Diz michele.
- Depois tenteremos de novo em outra loja. E dessa vez com a arma.-promete Reginaldo
- Sim...
***
-Breve apresentação do cotidiano futuro de nossos protagonistas.-
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Vícios para a Vida
Cerita Pendek"Não tire sua vida agora. Como eu disse, estou disposto a morrer com você, só não precisa ser já, de imediato... Tudo que eu quero é passar mais tempo ao seu lado. Morreremos juntos, prometo; mas uma morte progressiva, aos poucos, para que possamos...