Desde os meus cinco anos de idade, eu pensava que teria de remar e remar e, quando finalmente chegasse em terra firme, não existiria ninguém esperando por mim aqui onde estou agora. O destino sempre gostou de me pregar algumas peças! Quando adolescente, meus pensamentos já eram outros, achava que qualquer um poderia ser o meu grande amor e, nas poucas decepções, acreditei cegamente que não nasci para viver um romance digno de Romeu e Julieta. "Que bobagem", pensava meu pai que só devia acreditar na existência do amor quando era relacionado ao trabalho.
De todos os momentos, dos mais felizes até os que me fizeram chorar desesperadamente em meu quarto, tenho apenas que admitir que foi graças à essas lágrimas que consegui dar a mim mesma a chance de uma tentativa. Não acreditava muito naquilo do "é impossível ser feliz sozinho". Mas entender que não precisava de ninguém para ser feliz foi essencial, e é por isso mesmo que consegui remar por tantas águas assim, desacompanhada, apenas eu, um bote e um remo em mãos. Desse jeito, até o mar ficou bem mais leve e tranquilo. Mais o mar também tinha seus dias de agitações assim como nós temos nossos dias de raiva.
– Prima! O que aconteceu? – Nah perguntou da cozinha ao me ver entrar em casa de cabeça baixa.
– Nada não! – Falei, indo direto para o meu quarto. Como uma boa prima, ela se preocupou e veio atrás de mim. Se eu contasse para ela o que tava acontecendo, provavelmente ela me diria que eu tenho a maldição dos irmãos em mim, mais não teve jeito, eu precisava desabafar com alguém. – Só o Rafael, que agora ta com ciúmes do irmão dele comigo.
– Ta brincando comigo! – Ela fez uma cara de quem tinha acabado de chupar limão. – Você falou pra ele que isso é delírio da cabeça dele? E que não tem chances de nada rolar entre você e o Thiago? Você falou isso pra ele, não falou?
– Falei, só que ele acha que o irmão ta afim de mim, o que eu faço Nah? Isso era a última coisa que poderia acontecer comigo!
– Você precisa deixar claro pro Thiago que o único relacionamento que vocês vão ter é o de cunhados e vai ter que dizer isso a ele antes que alguma tragédia aconteça. – Especulou ela, sem ainda saber que os dois já haviam saído no soco.
– Você quer dizer antes que um deles acabe morto não é? O primeiro passo pra isso eles já deram, acredita que eles saíram no tapa agorinha?
– Não foi isso que eu quis dizer Manuela. – Nah respondeu num tom agressivo. – Você tem que parar de relacionar tudo ao que aconteceu no passado. – Continuou ela.
– A verdade é que eu tenho tentado parar de pensar... mas eu não consigo. Toda vez que o Rafa e eu brigamos por causa de ciúmes eu me lembro do Matheus e do Gustavo, parece que eu nunca vou conseguir seguir em frente.
– Eu sei, me desculpa prima. É que eu tenho medo que o Rafael brigue com ele ou com qualquer outra pessoa por causa de ciúmes. Afinal seus ex namorados sempre tiveram essa mania desagradável.
– Não se preocupa Nah, o Rafael não é o Matheus. E eu não vou deixar que a história se repita.
A Natalia ficou comigo no quarto por algum tempo. Depois que ela saiu do quarto fui tomar um banho bem quente para me preparar para dormir. E entre as cobertas quentinhas algo me incomodava, a cena da briga não saia da minha cabeça.
E antes que eu caísse no sono, me veio á memória do dia em que meu ex namorado Matheus, brigou com um amigo meu, pelo mesmo motivo que Rafael brigou com o irmão: CIÚMES.
Me lembro como se fosse ontem: minha mãe convidando o Matheus para um almoço em família, na tentativa que a convivência entre ele e meu pai – que não sabia de nada – fosse boa. Que bobagem! Meu pai não gostava dele nem quando ele era apenas um colega do meu irmão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Outono Que Mudou Minha Vida
Dla nastolatkówNo seu 16° outono, Manuela - ou Manu como gosta de ser chamada - passou por um trauma que ainda não foi superado totalmente, em parte pela falta de atenção e sensibilidade de seu pai advogado/autoritário, e outra parte por não conseguir se livrar da...