1 CAP

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Ana Julia P.O.V

Depois de 05 horas de viagem, chegamos ao Rio. Sorrio, olhando pela janela do carro a famosa praia de Copacabana, com várias pessoas, crianças e animais, correndo, andando, curtido o dia lindo que faz aqui.

Fecho os olhos com a brisa gostosa que vem do mar. Aqui tudo é tão bonito, tão alegre. Bem diferente de onde eu morava.

Olho pelo retrovisor, vendo minha mãe com um lindo sorriso no rosto. Ela me pega admirando-a, e pisca os olhos para mim.

- Então, minhas meninas estão felizes ? - meu pai pergunta, olhando para minha mãe, e depois para mim. Virando novamente para frente, e entrando no complexo do Alemão.

- Bom, ainda não sabemos como vai ser tudo aqui. Mas sim, estou feliz, só pelo fato de estarmos longe de Sampa. - falo entre o banco de meus pais.

- Eu também estou feliz, aqui é tudo tão lindo. - mãe sorri para nós, alegre. 

Assim que meu pai entra no morro do Alemão, para o carro e um homem com uma arma, para na janela dele, o cumprimentando. Meu pai sai do carro, seguido por mim e minha mãe.

Pelo o que meu pai nos disse, aqui é pacífico. Porém, tem que tomar cuidado, para não se meter com as pessoas erradas e não ficar no meio de uma guerra de tráfico.

- Coé, tio. O patrão já ta descendo, pra leva tu e tua família, na casa. - O rapaz fala simpático, depois de falar com alguém por um radinho.

Fico ao lado da minha mãe, enquanto meu pai fala com o rapaz. Olho em volta, crianças correndo, homens e mulheres andando livremente, todos sorrindo, rindo. Todos felizes. Aqui pelo o que parece, é sim um lugar bom. Espero ser feliz aqui, também, muito feliz.

Tem uns dez homens sentados em uma calçada, quais se levantam assim que vêem alguém descer. Olho na mesma direção. Um homem alto, forte, com o braço direito tatuado, cabelos claros e pele bronzeada. Ele desce nos olhando. Para na nossa frente.

- Bem vindos no Alemão. - ele diz erguendo os braços, como o Cristo Redentor e um sorriso bonito nos lábios. -  Meu nome é Pedro. Mais pode me chama de PH. Gosto assim. - Ele estende a mão para mim e minha mãe.

- Prazer, sou Tereza. Esposa do Luiz. - ela sorri simpática. Meu pai passa a mão na sua cintura, puxando a mesma para ele.

- Ana, Ana Júlia. Filha. - Sorrio apertando a mão dele. Assim que ele solta a minha mão, olha meu corpo da cabeça aos pés. Descarado!

- Pode crê, os moleque vão levar a mudança de vocês. Cola comigo, vou mostra a casa. - Ele sobe na nossa frente, conversando com meus pais.

Subimos por dentro da favela, com muitas casas de madeira, concreto. Umas de dois e até três andares. Algumas pintadas, outras até sem reboco, tudo muito simples. Tem até uns bares, mercearias, e até uma pizzaria bem pequena. A escadaria tem muitos e muitos degraus, o que me deixa cansada rápido.

As pessoas ficam na janela, na escadaria, só nos olhando. Afinal nunca nos viram aqui.

Paro um pouco, olhando para trás. Meu Deus, que vista. Da pra ver o Rio todo, o Cristo, o bondinho bem perto, o pão de açúcar. Perfeito. Volto a caminhar, correndo um pouco para alcança-los.

Pedro para em frente a uma casa de concreto azul água, pequena, simples mas linda. Ao lado de uma igreja. Aqui é bem movimentado, mesmo sendo no alto e no meio das casas, tem bastante coisas e movimento.

Ele abre a porta, dando espaço para que podemos passar. A casa é nova, tem cheiro de nova. A sala tem paredes brancas, o piso branco, com manchas de marrom claro. O que separa a sala da cozinha é uma viga, com um mármore em cima. Vou em direção ao pequeno corredor, qual tem três portas, dois quartos e um banheiro, segundo Pedro nos disse. Entro na porta da esquerda, onde tem um quarto pequeno, com paredes e piso iguais ao da sala. A casa toda é assim.

É muito aconchegante. Gostei bastante.

- Aí, vou deixa vocês conhecendo a casa. Os moleque tão trazendo a mudança. Qualquer B.O pode manda os vapores chama eu ou o Oik que eles passa um radinho pra nois. - ele fala para meu pai. - Só não mostro a quebrada, por que tenho que resolver uns bagulho aí. - ele fala.

- Não, tudo bem. Nós depois vamos andar um pouco por aí, para conhecer tudo melhor. E sem falar que com o tempo nós acostumamos. Obrigada, PH. - meu pai fala, com Pedro dando um aceno com a cabeça e um "Pode crê".

Três homens entram, trazendo junto com eles, a geladeira. E depois vem o resto dos rapazes com os móveis que faltavam. Confesso que fiquei com dó deles, ter que subir tudo isso com móveis pesados. Eles fizeram 3 viagens. Mas bom, fazer o que..

- Jú, coloca um lençol nesse sofá, por que seu pai tem a mania de comer aí e sujar tudo. Homens! - Ela revira os olhos, me fazendo rir.

Agora eu e minha mãe estamos arrumando a sala, já que o resto dos cômodos, já estão prontos. Já passa da 21:00hrs da noite. O cansaço toma conta de mim. Foi um dia e tanto. Um dia bom, muito bom.

Termino de arrumar o lençol no sofá, batendo as mãos uma na outra e sorrindo satisfeita com o trabalho.

- Jú, Terê vão tomar um banho e se arrumar, vamos comer lá em baixo, na lanchonete. - meu pai fala entrando na sala.

- Ok, pode ir primeiro mãe. - Falo para ela, que vai para o banheiro.

Pego meu celular, para dar uma olhada nas minhas redes sociais.

-De: Erik-

-12:05:- E aí, já chegou na casa nova?
-12:06:-  Ih pela demora, deve estar dando. Q rápida em Aninha.

Riu do mesmo, afinal só tinha se passado um minuto. Erik é meu único amigo, ele é super legal, engraçado e um amor. Um amigo gay perfeito. Pena que perto do meu pai, ele tenha que agir como um homem hétero, afinal meu pai por conta de ser da igreja, não gosta de pessoas gays, lésbicas, etc..

Ouço minha mãe abrindo a porta do banheiro, bloqueio o celular, levanto e vou para meu quarto pegar uma toalha. Pego a mesma no guarda roupas e vou para o banheiro.

Tomo um banho rápido, vou para meu quarto, coloco um shorts, regata e um chinelo. Aqui é muito quente!

Penteio meus cabelos, os deixando solto mesmo. Passo um rímel, vou até minhas roupas, pego minha carteira, um absorvente e um laço de cabelo, colocando tudo na minha bolsa. Coloco a mesma no ombro e saio do quarto indo em direção a sala, onde meus pais me esperam prontos.

-Ta pronta, filha? - minha mãe pergunta.

- Só deixa eu pegar meu celular e vamos. - pego o celular e vou em direção a porta, qual meu pai arruma a chave para tranca-la.

Saímos de casa, descendo o morro. Realmente aqui é muito quente, até de noite. A vista fica ainda mais linda a noite, tudo bem iluminado. Maravilhoso.

- Ah, como eu tô cansado. - meu pai fala suspirando.

- Somos dois, meu amor. - minha mãe diz e ri fraco.

- Não, somos três. - os dois riem. -Amanhã eu vou na faculdade, terminar de resolver umas coisas, para poder começar logo. - olho para os dois.

- Sim, eu te levo lá. Já que seu pai vai montar nossos guarda roupas. - assinto com a cabeça.

Chegamos na lanchonete, todos olham para nós, mas não de um modo desconfortável, mais sim como um "Bem vindos". Sentamos em uma mesa na rua. Uma mulher vem nos atender.

- Boa noite, o que vão querer? - ela fala sorrindo.

- Hm, eu vou querer um x-salada e um suco de laranja. - falo para a mesma.

Enquanto meus pais pedem seus lanches, olho para um casal que chegou. É o Pedro e uma moça loira, bonita. Deve ser fiel dele.

Como ele consegue administrar um complexo todo? Tão grande, são varias comunidades. Tem que ser muito inteligente e dedicado.

Bom, o lado legal disso é que ele está aqui para a proteção de todos. Talvez se ele não comandasse aqui, o perigo seria maior. Não que aqui não tenha algum tipo de perigo. Mas, não sei, podia ser pior, como em Paraisópolis.

É ele está de parabéns. 

°°°
Oi gente, então aí está o primeiro capítulo. Espero que gostem.

Beijos Gaby e Bre..

O rei do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora