Capítulo 27

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Sopro a fumaça e observo o nascer do sol, pensando em como acabei em cima do telhado outra vez.  

Não consegui dormir porque esstava ansioso demais e no fundo eu sabia que se dormisse, sonharia. 

E eu não queria sonhar com ela

Hoje uma das representantes da WU estaria me entrevistando e meu coração não parava de bater mais rápido do que o normal. Meu futuro estava ali, bem na minha frente. 

Um futuro que nem eu conseguia mais ver. 

Para ser sincero, me sinto cansado. Exausto para dizer a verdade. 

Cansado de tudo, cansado do que eu fiz ou o que deixei de fazer, cansado de tentar. Uns diriam que eu estava cansado até de viver. 

Ter que levantar ou fazer qualquer coisa que me tome energia simplesmente tem sido difícil. Tenho preguiça de pensar, falar e comer. 

Mas eu preciso continuar, não é mesmo? É exatamente para isso que eu gastei horas intermináveis estudando e dedicando meu tempo à escola: Para fazer faculdade. 

O plano foi esse desde o começo, por mais confuso que eu esteja agora. Não dá tempo de desistir e nem dar passos para trás. Mais uma vez, Sebastian Bentley precisa fazer o certo. Mesmo que ele não queira.

Balanço a cabeça negativamente e bato na ponta do cigarro, derrubando as cinzas na telha. Já era hora de descer da minha nuvem de fumaça particular e encarar o mundo real. 

Respiro fundo e deixo a bituca do cigarro lá em cima, segurando na ponta do cano que levava e mantinha a água da chuva e escorregando até chegar no chão. Limpo a sujeira do meu suéter assim que piuso na grama, parando quando lho para o lado e vejo a vizinha parada, regando seus arbustos enquanto me encarava. 

- Bom dia - digo, colocando as mãos trêmulas nos bolsos. 

- O cigarro ainda vai te matar, menino. 

- Espero que faça isso mais rápido, então. - respondo com naturalidade e entro em casa em seguida, deixando para trás uma vizinha horrorizada. 

O sorriso que quer se formar em meu rosto vai embora quando esbarro com abuela na cozinha. 

- Buenos días, abuelita - murmuro enquanto pego uma xícara, beijando sua testa rapidamente antes de despejar o café ali e torcendo para que ela não sentisse o cheiro de nicotina. 

Dou um gole e observo minha avó sorrir de lado. 

Hoy es el gran día? - ela pergunta, erguendo uma das sobrancelhas.

- , Abuela. Hoje é o grande dia. - confirmo, bebendo o café para tentar me afastar de qualquer pergunta que exigisse muito esforço. 

- Estás nervioso?

Perguntas como essa. 

Se eu estava nervoso? Simplesmente não havia dormido, comido, ou parado para respirar. Acho que se eu não passar hoje, vai ser o cúmulo. O cúmulo de onde a vida tinha errado comigo, ou onde eu havia errado com a vida.

Tanto faz.

- Não - minto - Não estou nervoso.

Abuela ri. Ela sabe que eu sou um péssimo mentiroso e é por isso que levanta e afaga meu cabelo. Ela é bem mais baixa do que eu, mas mesmo assim faz com que sua presença em qualquer cômodo seja grandiosa.

- Usted es un chico precioso, mi hijo. Incluso si usted no piensa así. Sé que vas lejos. Sabes porque? ¹

Ouvir minha avó dizer aquilo machucava. Machucava saber que eu a estava machucando com minhas ações também. 

Não se Apaixone por Mim 🥀 - (Livro 01) DESVENTURAS DE UM CORAÇÃO PARTIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora