Carlos Eduardo - Os dois dançam lindamente

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─ Os dois dançam lindamente! Isso é um fato. – Dizia alguém do júri técnico. – Mas hoje... Hoje foi sensacional. Nunca vi ninguém sentir tanto um tango quanto vocês dois. Ufa! Dava para tocar o desejo no ar.

A plateia aplaudiu de pé a apresentação. Nossa melhor dança, certamente. O que ninguém poderia prever era que nada daquilo fora ensaiado. Simplesmente, aconteceu um tango. Tão intenso que, em algum momento, nem eu consegui conter minhas lágrimas. Choramos um nos braços do outro, com o rosto colado da coreografia. Duas faces de uma mesma moeda.

Terminamos ofegantes. Alguém trouxe lenços e água para Bruna. Tivemos, pelo menos, um intervalo comercial para nos recuperarmos. Quando voltamos ao vivo, já estávamos refeitos. Mãos dadas. Esperando as notas.

─ Bruna, você está deslumbrante hoje à noite. – O apresentador começou a falar. – Pensei que a encontraria triste...

─ Ah! Mas eu estou triste! Muito triste. – Ela interrompeu com um sorriso nos lábios. – Só que eu sou atriz, não é mesmo? – Mais sorrisos.

─ E essa tristeza tem nome? Tem solução? – Insinuou o apresentador.

─ Tem sim. – Ela respondia rapidamente para evitar comentários maldosos. – Se chama Carlos Eduardo. – Ela se virou para mim com um sorriso nos lábios, mas com uma tristeza no olhar. – Essa é minha última dança com ele como parceiro.

O auditório veio abaixo com exclamações de decepção. Imediatamente, o assunto Altair foi esquecido. Fofoca nova é muito mais interessante.

─ Como assim? Não é possível! Vocês são maravilhosos! – A mesma pessoa do júri técnico pegou um microfone e se manifestou. – Com certeza, vocês são os próximos ganhadores dessa competição.

─ Pois é... – Sorrisinho sem graça de Bruna. – Decisão dele. Fazer o quê? Eu vou continuar na competição. – Ela olhava para a plateia e para mim. Eu queria morrer de vergonha, mas estava decidido a agir na hora certa.

─ Carlos Eduardo, você pode explicar essa sua decisão? – O apresentador perguntou. – Alguma coisa lhe desagradou? Está insatisfeito com o cachê? – Brincou enquanto me passavam um microfone.

─ Não. Não é nada disso. – Para minha surpresa, assim que comecei a falar, as mulheres começaram a gritar desesperadamente. Coloquei as mãos nos bolsos intimidado.

─ Parece que você é o mais novo galã da emissora. – Bruna observou. Estava se divertindo as minhas custas.

─ Eu só não acho certo continuar a participar...

─ E por quê, rapaz? – Essa era a deixa que eu esperava. Apesar da timidez, eu tinha que dizer, eu tinha que fazer acontecer.

─ Porque eu não gosto de misturar as coisas. Trabalho é trabalho. – Respirei fundo. – E eu estou completamente apaixonado pela minha parceira. – Sem mais palavras, puxei Bruna pelo braço. Segurei o seu rosto com a outra mão e lhe dei um selinho. As pessoas gritavam e aplaudiam. Ela estava assustada também, o coração a mil, mas comprou a farsa. Então, ela me abraçou. E trocamos um beijo bem mais intenso.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora