Carlos Eduardo - Minha mãe não se entregaria tão fácil

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Minha mãe não se entregaria tão fácil. Ela me conhecia muito bem para saber o quanto era incoerente aquela encenação toda. Levei Bruna para a Atmosfera. Precisaríamos caprichar no desempenho do papel de casal apaixonado na pista de dança para convencer de vez.

Confesso que não estou nem um pouco chateado em exercer esse papel, pelo contrário, estou eufórico. Beijar Bruna é incrível. É intenso. É físico. E ao mesmo tempo, é íntimo. Nossa! Como eu queria fazer isso! Mas o medo de me envolver não permitia. O medo de errar. De não dar certo. De me perder. Só que agora é somente uma brincadeira. Ninguém vai se machucar. Estou me divertindo como criança.

Chegamos debaixo de uma chuva de aplausos, tanto do público, quanto dos meus funcionários. Afinal, nós estávamos classificados para a semifinal do Dança das Celebridades. Bem, nós exatamente não, Bruna. Eu sabia que ela venceria.

Bruna também parecia se divertir muito. Estava embalada pelo enfrentamento com minha mãe e estava disposta a incomodá-la.

Ela me puxou para a pista de dança. Já estava de cabelos soltos, os cachos caindo pelos ombros, o mesmo batom vermelho, outro vestido preto curto. Dançava colocando os braços para cima e fechando os olhos. Depois, desabotoou meu colete, minha camisa, eu continuava com o figurino da apresentação. Fiquei com o torso nu, ela fazia cara de safada. Estava me deixando louco.

Sem tirar seus olhos dos meus, veio me dar um beijo. Era um beijo discreto, quase um selinho. Eu a segurei e lhe dei um outro tipo de beijo, bem mais físico, bem mais intenso. Fiquei sujo de batom. Ela riu da minha cara e me ajudou a limpar.

Então, sem que eu esperasse, sem parar de dançar, Bruna passou para as minhas costas. Ela me abraçou por trás e deu um beijo na minha tatuagem. Senti um calafrio.

Bruna recolocou o meu colete, dessa vez, sem a camisa. Provavelmente, sua noção de figurino descolado. Voltou para minha frente e se aninhou de vez no meu peito.

─ Vai com calma, garota! – Falei quase em um sussurro no seu ouvido. – Assim eu não respondo por mim.

─ Eu perguntei se você tinha noção do tamanho da confusão em que estava se metendo. Você disse que tinha. Agora aguenta. – Ela me beijou. De novo. Meu coração disparou. De novo.

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora