Carlos Eduardo - Trabalhei feito um condenado

89 10 0
                                    

Trabalhei feito um condenado. Minha mãe não ia deixar barato "minhas transgressões", como ela mesma definiu meu relacionamento com Bruna. Apertou de propósito todos os meus prazos para ver se eu dava conta. Fiz questão de me esforçar para dar certo.

Confirmei o show do próximo sábado da Atmosfera. Garota Safada. Liguei para os fornecedores. Para a iluminação. Reabasteci o estoque. Aparentemente, depois que você pega a manha, o negócio da família nem é tão complicado. Quando saí do escritório às pressas para a academia, encontrei meu pai na recepção com uma piscadela de aprovação no rosto, no maior estilo: fez tudo certo, garoto. Agora corre para agarrar a gatinha. E foi isso mesmo que eu fiz.

Somente ao chegar à academia, percebi que eu não tinha absolutamente nada para fazer ali. Eu não era mais parceiro de Bruna. Depois de semanas de ensaios incessantes, eu estava desocupado.

─ Olá, Carlos Eduardo. – Dona Eleonora se aproximou de mim. – Como você está?

─ Tudo bem. – Respondi sem muita certeza disso.

─ Querido, você pode me fazer um favor?

─ Claro.

─ Você pode assumir as turmas de Sérgio por hoje? Ele está ocupado terminando de montar a coreografia com a Bruna.

─ Claro. Tudo certo. – Sorri, mas não pude conter o pensamento funesto de que, enquanto eu ensinava uma porção de pré-adolescentes atiradas a dançar, Serginho estava com Bruna nos braços, a minha Bruna.

Definitivamente, eu era o cara mais idiota do mundo.

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora