Carlos Eduardo - Quando entrei na turma do Serginho

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Quando eu entrei na turma do Serginho, foi aquela gritaria adolescente típica a qual eu já estava me acostumando desde o lançamento daquela maldita revista. Quando eu tirei o casaco para começar o aquecimento, mais gritaria. Era tanto buchicho, que resolvi satisfazer logo a vontade daquela mulherada e começar logo uma sessão de foto. Depois de quinze minutos de selfies no espelho fazendo bico, pude finalmente dar minha aula. E foi assim em todos os horários.

Eu sabia que as turmas tinham aumentado desde que começamos a participar do programa, mas eu não fazia ideia do quanto. Estavam todas lotadas. Não havia sequer um horário livre, um professor disponível.

Acho que devíamos isso a Bruna.

Quando minha última turma acabou, passava das oito. Minha "namorada" ainda não tinha terminado o ensaio. Não resisti e fui dar uma olhadinha pelo vidro. Bastaram dez minutos. Não gostei de nada. Não gostei da música. Um forró do Dorgival Dantas. Não gostei dos passos. Não gostei das risadas que os dois trocavam. Mas respirei fundo.

Eu deveria ter ido embora. Estava exausto. Não consegui. Fiquei sentado na recepção.

Nove horas, escuto a voz de Bruna se despedindo de Serginho. Ela dá de cara comigo na recepção e abre um sorriso. Eu me derreto todo.

─ Oi, meu amor, você ainda está aí? – Os gestos são forçados, a voz alta demais, o beijo estalado demais. Mas as recepcionistas se emocionam como se estivessem assistindo uma novela.

─ Ai! Vocês dois são lindos demais! – Disse uma delas.

─ Sempre achei que tinha alguma coisa aí. – Complementou a outra.

─ Obrigada. – Bruna se jogou no meu colo e encheu minhas bochechas de beijos.

─ Quer carona para casa? – Mesmo sendo uma farsa deslavada, eu caía como um patinho.

─ Estou de carro. – Fez beicinho. – Mas quem sabe a gente não toma um sorvete antes de ir?

Sorvete? Pirou de vez. Nunca que ela tomaria tantas calorias depois do sol se pôr. Aí tinha. Ela queria alguma coisa.

─ Tem uma sorveteria bem estilosa no fim da rua. – Tici, a recepcionista, indicou. – Vocês vão adorar. É uma delícia.

─ Vamos? – Bruna me puxou pelo braço.

─ Vamos. – Eu me levantei. – Sou apenas um simples servo dos seus caprichos.

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Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora