Bruna - Foi mal, Kadu

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─ Foi mal, Kadu. Desculpe a palhaçada lá dentro. Tentei ser convincente.

Nós dois caminhávamos de mãos dadas pela rua.

─ Olha, para quem me censurava porque eu pedia muitas desculpas, você tem se justificado demais...

─ É verdade. – Ele tinha um ponto.

─ Não se preocupe, Brunota. Sei que esse tipo de coisa vai acontecer. Faz parte do espetáculo. – Trocou comigo um olhar cúmplice. – E esse sorvete uma hora dessas, você pode me explicar?

─ Dani achou que seria legal umas fotos casuais carinhosas... Você se incomoda?

─ Vem cá, vocês artistas não fazem nada de maneira espontânea? É tudo construído? Criado nos mínimos detalhes?

─ Nós também fazemos coisas espontâneas. Mas não quando sabemos que fotógrafos vão estar por perto buscando nosso pior ângulo.

─ Que saco, hein?

─ É sim. Por isso mesmo eu me disfarço. – Não poderia negar. – Quer desistir? Está cansado? Posso ligar e desmarcar... – Já estava com o telefone na mão. Ele pensou um pouco e respondeu:

─ Eu topo. Se você efetivamente tomar o sorvete comigo, incluindo confeitos, biscoitos e coberturas.

Sacanagem. Aquilo teria a mesma quantidade de calorias de uma refeição completa.

─ Vamos lá, Bruna. Você acabou de dançar por mais de três horas seguidas. Você merece.

─ Mereço ficar com uma bunda que não cabe em nenhuma calça jeans, é isso?

─ É pegar ou largar. – Estava intransigente. – E se reclamar, eu peço duplo.

─ Nem vem. – Briguei.

─ Ah! E tem mais. Eu vou no seu apartamento te colocar para dormir e garantir que você não coloque tudo para fora.

Garoto esperto. Muito esperto.

─ Bom... – Eu o puxei para dentro da sorveteria. – Você não é o primeiro namorado que dorme lá em casa, então, para quê o tititi...

***

Por Onde AndeiOnde histórias criam vida. Descubra agora