─ Foi mal, Kadu. Desculpe a palhaçada lá dentro. Tentei ser convincente.
Nós dois caminhávamos de mãos dadas pela rua.
─ Olha, para quem me censurava porque eu pedia muitas desculpas, você tem se justificado demais...
─ É verdade. – Ele tinha um ponto.
─ Não se preocupe, Brunota. Sei que esse tipo de coisa vai acontecer. Faz parte do espetáculo. – Trocou comigo um olhar cúmplice. – E esse sorvete uma hora dessas, você pode me explicar?
─ Dani achou que seria legal umas fotos casuais carinhosas... Você se incomoda?
─ Vem cá, vocês artistas não fazem nada de maneira espontânea? É tudo construído? Criado nos mínimos detalhes?
─ Nós também fazemos coisas espontâneas. Mas não quando sabemos que fotógrafos vão estar por perto buscando nosso pior ângulo.
─ Que saco, hein?
─ É sim. Por isso mesmo eu me disfarço. – Não poderia negar. – Quer desistir? Está cansado? Posso ligar e desmarcar... – Já estava com o telefone na mão. Ele pensou um pouco e respondeu:
─ Eu topo. Se você efetivamente tomar o sorvete comigo, incluindo confeitos, biscoitos e coberturas.
Sacanagem. Aquilo teria a mesma quantidade de calorias de uma refeição completa.
─ Vamos lá, Bruna. Você acabou de dançar por mais de três horas seguidas. Você merece.
─ Mereço ficar com uma bunda que não cabe em nenhuma calça jeans, é isso?
─ É pegar ou largar. – Estava intransigente. – E se reclamar, eu peço duplo.
─ Nem vem. – Briguei.
─ Ah! E tem mais. Eu vou no seu apartamento te colocar para dormir e garantir que você não coloque tudo para fora.
Garoto esperto. Muito esperto.
─ Bom... – Eu o puxei para dentro da sorveteria. – Você não é o primeiro namorado que dorme lá em casa, então, para quê o tititi...
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Por Onde Andei
Novela JuvenilNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...