A Princesa Liz, debruçou-se tristonha sobre a mesa gelada da varanda do castelo. Assentada, na cadeira branca de ferro, aguardava a mãe notar seu abatimento.
— Por que está triste, filha? — perguntou a Rainha Jenifer fechando o romance que lia e olhando Liz atentamente.
— A ponta do meu lápis quebrou e não consigo pintar o desenho! — desabafou o seu drama infantil se levantando inconformada. E continuou tentando explicar de todo jeito para a mãe o por quê era impossível terminar a pintura do desenho.
A menina já estava há meia hora tentando acertar todos os traços do boneco. Traçava e apagava, traçava e apagava em busca do resultado desejado por sua imaginação. E agora já cansada tentava concluir o bendito até que encontrou mais este obstáculo.
Jenifer muito paciente acalmou a filha e perguntou se não poderia ser outro lápis, outra cor...
Porém, Liz queria aquele. Filha mais determinada não poderia ter.
Outra tentativa: apontar o lápis. Mas, o apontador havia sumido. Já era o quinto apontador comprado e o ano nem estava na metade.
Um tempo se passou e parte do castelo já tinha sido revirada.
As duas irritadas e cansadas...
No quarto da filha a mãe sentou-se na cama e respirou fundo determinada a acabar de vez com o problema. Olhou sua menina sentada em sua cadeirinha infantil esperando chorosa uma solução.
O desenho repousava sobre a mesinha infantil que fazia conjunto com mais duas cadeirinhas, a que a menina usava e mais outra com desenhos geométricos coloridos.
A mesinha estava uma bagunça e Jenifer resolveu organizar na esperança de encontrar o apontador. Não encontrou.
"Onde será que as crianças colocam as coisas que perdem? Deve existir o mundo das coisas perdidas. Não é possível!" — pensou a mãe.
Juntou todos os lápis e olhou cada um.
— Filha, que parte do desenho quer pintar?— A pele. E a ponta do lápis quebrou! — respondeu irritada levantando o lápis rosado, bem clarinho e suave, popularmente conhecido como cor de pele.
Os olhos de Jenifer passearam confusos entre o lápis, o estojo cheio de cores e a filha.
Foi aí que ela pensou em algo que até aquele momento nunca havia parado para pensar.
— Filha, não existe só essa cor de pele. Você pode pintar de outras cores. — respondeu sorrindo.— Sabe, filha, Papai do Céu, O maior pintor domundo, é muito criativo e cheio de imaginação como você. Ele ama as cores!Papai do céu fez um mundo bem colorido, não acha? Existe flor amarela,vermelha, azul...montanhas verdes...
E nós humanos também! Fomos pintados por Ele de várias cores!
Os olhinhos da menina se arregalaram brilhando com a "descoberta" emuito feliz por ter achado uma solução.
— Verdade, mãe!
E voltou para o desenho pintando cada membro do corpo do boneco de uma cor.
Jenifer suspirou aliviada e feliz por ter ajudado sua filha. E mais que isso:feliz por ter aprendido, com a humildade de uma criança e, com a simplicidadedo cotidiano, que o lápis cor de pele não era cor de pele. Ou melhor...Cor dapele de quem? A cor da pele tem vários tons. Tem o tom que a mão de Deus pinta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lápis Cor de Pele
RandomEm dias tão sombrios para as nossas crianças leia esse conto para o seu filho (a), sobrinho (a)... Uma história que trata de preconceito com leveza e naturalidade. É na simplicidade e no dia a dia que ensinamos e firmamos verdades únicas e inegociáv...