A Silhueta

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Me desperto como os raios de sol a entrar pela janela. Sinto meu corpo doer e em fração de segundos me vejo no chão gélido, junto aos lençóis.
O barulho parece despertar minha mãe, a trazendo até meu quarto, assustada:

Cláudia: Filha, o que aconteceu? Você está bem?-pergunta, ajudando-me a levantar.

Catarina: Estou bem mãe, só me descuidei e cai da cama.-a acalmo, já de pé.

Cláudia: Você tem que tomar mais cuidado filha, podia ter se machucado. Agora vá se aprontar, Você ainda tem aula hoje.

Catarina: Eu sei, desculpa ter te acordado.

Cláudia: Você diz como se eu não estivesse acordada a tempos. Estarei te esperando na cozinha, ande logo ou seu café ficará frio.-alerta, saindo do quarto e descendo as escadas.

 Pego os lençóis do chão e os arrumo na minha cama. Me dirijo ao banheiro para lavar-me e fazer as devidas higienes.
 Quando termino, desço para a cozinha e degusto de meu café da manhã. Depois de satisfeita, me despeço de minha mãe com um beijo na testa e vou caminhando até o ponto de ônibus, que para a alegria do meu sedentarismo, fica próximo a minha casa.
 Após esperar cerca de dez minutos na parada, adentro o monstro de metal fedido e sujo, cheio de seres repugnantes e sem nenhuma intenção de estudar.
 Não há assentos desocupados, então me coloco de pé em frente a uma amiga de sala. A cumprimento com as fatídicas saudações de todos os dias:

Catarina: Oi Iza, tudo bem?-pergunto, já sabendo a resposta.

Izabella: Oi Cat, tudo e com você? Fez a lição de física?

Catarina: Aham. Fiz sim, Muito cansativa.Passei a tarde toda tentando encontrar o ângulo certo para fazer o cálculo.

Izabella: Eu fiz também, achei difícil dessa vez, até para mim.

 Isabella é a melhor aluna em física na turma. Eu, confesso, nunca fui boa com números, mas me recupero com as letras; exceto quando estão em matemática.
 Passamos o restante do dia juntas. Eu, iza e as outras garotas: Eduarda e Aline.
 A rotina nunca muda: escola e casa, casa e escola. Claro que sempre que conseguimos, vamos ao shopping, cinema, lanchonete; mas a verdade é que nunca muda. Eu não ligo para isso, não me importo em levar uma vida pacata, é ótimo para mim. Cada coisa em seu lugar, sem preocupações ou sustos. Uma garota normal, com uma vida normal e amigos normais. Simples.
 Mamãe sempre fala que eu devo me preocupar com minha vida futura, e que para isso eu devo viver no presente. Eu concordo com ela, não há nada que eu tenha a contradizer.
 Eu penso no meu futuro, na minha ansiada faculdade de psicologia. Na minha casa própria. Meu carro. Tudo planejado conforme o necessário.
 
 Já a noite, meu pai chega em casa. Pouco antes minha mãe havia chegado e já estava terminando o jantar que eu comecei.
 Eu organizava os livros no meu quarto, do maior para o menor, a maneira que gosto.
 Minha mãe invade meu quarto, sem bater ou pedir permissão, trazendo consigo minhas peças de roupas recém lavadas,ainda podia sentir o cheiro de rosas brancas do amaciante. Eu não estava louca de reclamar a sua entrada súbita, embora aquilo me provocasse uma indignação profunda.
  Depois de deixar as roupas em cima de minha cama, ela faz alguns comentários sobre seu trabalho, seguidos por alguns "aham" e "verdade" meus. Descendo as escadas, ela anuncia que a refeição esta pronta.
 Me levanto da cama e vou lavar as mãos, mas ao sair do quarto, ouço um estrondo vindo da janela. Encontro um papel velho e sujo, e a janela aberta, contradizendo o meu ato de fecha-la, a poucos minutos atrás.
 No papel encontro letras grandes e quase ilegíveis, escritas com uma caneta preta, que provavelmente estou no processo, já que é visível as manchas de tinta no papel.

 "A vontade de te ver me consumia por dentro, então eu voltei, e espero que não tenha se esquecido de mim."

 Mesmo sem entender, um calafrio me percorreu a espinha. Fui até a janela, e avistei uma silhueta escura me olhando. Minha mãe gritou meu nome, e então, a figura desapareceu. Balancei a cabeça em sinal de negativa, como que repreendendo aquela visão e desci para me juntar ao meu pai e minha e desci para me juntar ao meu pai e minha mãe na mesa de jantar.

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