Cap 4

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  Ele até parou de me perguntar se eu queria mais uma cerveja. Ele tinha a capacidade misteriosa de perceber quando eu havia terminado sem nem olhar para mim, e na hora me oferecia mais uma simplesmente me estendendo a lata. Eu não queria tantas, mas não consegui dizer não. A oferta silenciosa era a única coisa que nos conectava, além do fato de nós dois sermos humanos e por acaso estarmos sentados na mesma sala. Eu estava começando a me sentir zonza depois de três cervejas que tinha bebido uma atrás da outra, e me perguntava em quanto tempo meu cérebro supostamente grande conseguiria bolar um comentário insinuante para mandar para Grant, com uma jogada de cabelo habilidosa.
Várias garotas que eu conhecia falavam mais quando bebiam, mas, até agora, minha língua ainda parecia grudada no céu da boca e meus ouvidos estavam apitando. — Você acha...? — Grant começou a dizer, virando o corpo todo na minha direção. Surpresa, eu meio que engasguei, e a cerveja subiu pelo meu nariz. Eu não sabia que ele ia me olhar. Não estava preparada. Não tinha nenhum sorriso tímido. Pisquei para ele, esperando que talvez ele dissesse alguma coisa que levasse a algo, e eu teria uma chance nesse estranho jogo de acasalamento que todos nós parecemos querer jogar. — Você acha que o lance entre o Eduardo e a Bianca é sério ou eles só estão se pegando? Ou será que eu, você sabe... — Afundei de volta no xadrez cor de vinho. Aquele não era o meu dia. Eu era burra de pensar que esse dia chegaria. — Não — consegui dizer. — O lance deles é definitivamente sério. — Embora eu soubesse que isso não era verdade, que Bianca não estava levando nada a sério naquele momento. Mas eu estava me sentindo malvada e meio enjoada, e bêbada de um jeito não muito bom. Era raro eu sentir raiva, mas de repente senti exatamente isso. Porque até Grant, que era tipo um gafanhoto assustado agarrado no para-brisa de um carro em alta velocidade, era bom demais para mim.  

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