Uma Nerd Diferente ❤ HIATOS

Capítulo 1 🌻

Anne on

Acho que pensei que seria diferente esse ano. Pois é, mas que idiotice a minha, como pude pensar em uma coisa dessas? Eu só...não aguentava mais, não aguentava ser chamada de nerd, esquisita, isolada, invisível. Mas então, cai na realidade que é o terceiro ano, uau, o tão esperado terceiro ano. E percebi que sim, continuaria sendo a nerd dos anos anteriores a este.

Estava ansiosa, com as mãos tremulas e meu coração batia forte, quase podia ouvir os baques que ele dava dentro de mim. Estava quase lá, só mais um ano para minha vida mudar totalmente e por completo. Faculdade. Nossa, só de pensar me dá borboletas no estômago. Faculdade de artes, é o que mais quero fazer. Eu poderia administrar o hotel da minha mãe? poderia! mas não sou tão boa nisso.

Meus pais são separados e vez ou outra, vou visitar meu pai em Nova Orleans e, uau, é um lugar fantástico, e sua empresa de arte? Aaaaa, não encontro palavras para dizer o quanto ela é maravilhosa e o quanto quero trabalhar lá um dia. Meu pai foi um babaca ao abandonar minha mãe quando soube que estava grávida. Pois é, ele fez isso. Mas quando eu cresci, acho que tinha 11 anos, ele me procurou e disse que queria me conhecer, se aproximar. Minha mão negou, claro, mas nossa... os olhos dele brilharam tanto ao me ver que meu coração gritou, e no final, minha mãe acabou cedendo essa reaproximação. Meu pai é um cara incrível e sim, ele ainda tenta reconquistar minha mãe, mas é a vida.

Tenho uma irmã, Mary, mas não é realmente minha irmã. Uma amiga antiga da minha mãe morreu e deixou-a com ela, era muita responsabilidade cuidar de duas crianças, mas Mary tinha 14 anos na época. Foi tão fácil de nos apegarmos, ela era engraçada e adorava me fazer de boneca, mesmo só sendo três anos mais velha. Hoje ela faz faculdade de moda, e nós somos bem parecidas, pelo que dizem. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Adentro minha escola, que já conheço muito bem de ponta a ponta e me deparo com rostos familiares, mas que não dão a minima para minha presença. Ando em direção ao meu armário do outro lado do corredor, ótimo, vou ter que atravessar esse mar de corpos até o outro lado.

Comecei a andar, olhando para meus tênis cinza. Não era o tipo de garota que me produzia toda para vir a escola, até porque, acordava as 6:00 da manhã. Santo Deus, admiro tanto essas garotas que parece que passam cimento no rosto de tão rebocada que é a maquiagem delas. Devem acordar as 4 da manhã só para se produzirem desse jeito. Eu usava apenas uma calça jeans não muito apertada, blusas quaisquer, moletons ou sei lá. Por exemplo agora, estou usando uma calça de lavagem clara um pouco apertada, moletom preto escrito "Normal people scare me" (pessoas normais me assustam) e um tênis cinza nos pés. Nada de maquiagem, apenas meus óculos de armação preta e meio redonda e meu rabo de cavalo desgrenhado.

Abri meu armário com as mãos tremulas, respirei milhões de vezes até enfim conseguir abri-lo e colocar alguns livros lá. Peguei meu celular e vi o horário da primeira aula. Cálculo, droga. Não estava afim de pensar hoje, principalmente em números.

Assim que fechei o armário e ajeitei minha mochila cinza no ombro, me assustei ao ver uma sombra bem mais alta que eu, com músculos e cabelos loiros. Olhei pra cima, olhos azuis, dorga.

Thomas Hotter

- Não me diga que seu armário é bem ao lado do meu esse ano? - Digo com nojo e ele abre um sorriso significativo, babaca.

- Para sua total felicidade, sim, annezinha - diz sorrindo.

Arqueei a sobrancelha e olhei aquela figura ridícula e podre de bonita na minha frente, com aquele sorrisinho de canto, os olhos cerrados pra mim, me provocando, suas mãos nos bolsos do moletom preto e seus cabelos loiros numa bagunça perfeita. Aquele babaca era Thomas, aquele babaca era o garoto que encheu meu saco nos últimos dois anos e, meu Deus, como eu adoraria encher seu rosto de socos e arranhar toda essa beleza que me dá enjoo.