O barulho ensurdecedor - final

27 1 2
                                    

Com a expressão vazia Reginaldo vagava, desorientado pela rua. O peso do mundo parecia empurra-lo contra o chão. Suas pernas fraquejavam, fazendo seus passos vacilarem. Sua respiração estava pesada e seu peito doía castigantemente. Ele já tinha sentido essa dor antes. Mas agora parecia que estava mais intença. Mais avaçaladora. Michele se foi, o abandonou, levando também à sua filha; e não tinha como reverter aquilo. Era definitivo.

O que fazer agora?
Como suportar aquele vazio terrível?
À que se apoiar para continuar a viver?

"Então era desse mundo cruel que Michele queria se ver livre?" Agora ele compreendia e concordava. O mundo era mesmo cruel. Impiedoso.

Ela havia descumprido a promessa que fizera, quando se foi antes dele, deixando-o para trás. Mas ele estava disposto a cumprir o que prometera a ela. Sozinho sua vida já não tinha mais significado.

Até mesmo havia esquecido que ainda carregava uma arma na cintura. Reginaldo cai de joelhos no chão, sua cabeça pende para trás e ele dá seu último grito de redenção, em direção ao céu nublado, para o mundo, cruel como só ele era. Um grito misturado à dor e a ira.

- Aaaaaaaaaaaaaaaaah!!!

Ele cerra os olhos com força ao encostar o cano da arma em sua cabeça, acima da orelha. "Michele, eu estou indo." O gatilho é apertado.

Um tiro...

De repente o barulho ensurdecedor do diparo silencia tudo. Já não doia mais. Não havia absolutamente mais nada. Seu corpo cai para o lado, desfalecido.

Vícios para a VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora