Capítulo 5: Beijo Intenso.

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Na história contada por Isabela: havia duas crianças que buscavam mais do que tudo refúgio no jardim encantado. Se encontravam devastadas e tomadas pela solidão por terem sido rejeitadas. O jardim encantado era secreto e não mostrava sua magnitude para qualquer um, apenas àqueles de bom coração.

Em uma jornada de autoconhecimento, as crianças reconheceram que não estavam sozinhas, que ainda tinham uma à outra. O jardim encantando, contudo, não passava de uma metáfora. Mas o fato de as crianças viverem em um pequeno jardim, mágico e cheio de coisas surpreendentes, fazia com que a Fera sentisse uma forte empatia pelas mesmas e um pouco além disso, prevalecia um sentimento de identificação. O que era, sobretudo, a representatividade.

Após terminar a leitura, eles voltaram a caminhar pelo entorno do castelo.

- O que achou do livro? - perguntou.

- Fantástico! – expressa em êxtase.

- Hum... Sabe, aquelas crianças do livro eram encantadas também... – enuncia, o encarando.

- Sim. – Afirma.

- O que estou tentando dizer é que, talvez, eu possa te ajudar a quebrar a maldição. – Sugere, passando os dedos por entre seus cabelos castanhos longos, brincando com as mechas onduladas.

- Como assim? - a Fera se vira e encara a garota.

- Talvez alguma coisa... - ponderou, com um certo tom misterioso.

- Que tipo de coisa? - insistiu a Fera, porém com uma voz mais suave, como se quisesse desfrutar desse clima um tanto curioso.

A garota encarou-o de cima a baixo, sentiu o peito arder e posteriormente seu corpo, e mordeu o lábio inferior quando disse, finalmente:

- Um beijo. - A Fera, por sua vez, mal teve tempo para processar o que havia escutado quando Isabela aproximou-se e o beijou, gentilmente. O mesmo assustou-se por um momento, mas ao sentir as mãos dela desenharem suas costas em movimentos delicados, unindo ainda mais seus corpos, ávidos por uma chama interior, ele passeou com a mão por entre os cabelos da garota. O beijo aconteceu lento e profundo. À medida que os selares ficavam mais intensos, suas línguas se entrelaçavam, quentes e molhadas. A doçura da boca de ambos era um deleite de sensações, prazeres guardados onde apenas um beijo seria pouco para saciar seus desejos secretos.

A Fera emoldurou o rosto dela com as duas mãos e a acariciou, todavia com o olhar triste afastou-se, já não conseguia a olhar diretamente.

- Desculpe... Eu... Eu não posso... - lamentou se afastando, com o olhar fixo no chão, encarando suas patas enormes, que prevaleciam como a de um animal.

Isabela se sentiu mal pela situação e a atitude impulsiva. Fechou os olhos por um momento pensando que, talvez, o fato de que maldições são quebradas com um beijo não passava de uma mentira desmedida. Em seu cerne passou-se que tudo se resolveria se a garota se permitisse sentir tais coisas. Era difícil dizer se aqueles sentimentos começaram graças á marca deixada pela besta ou foi apenas um gatilho para destravar algum desejo em seu íntimo.

- Não peça desculpas. A culpa foi minha. – Declarou, sentindo-se envergonhada pela situação.

A Fera levantou o olhar, como se pudesse ler a mente da garota. Se aproximou dela, a mão indo de encontro à dela lentamente, segurando com sutileza.

- Eu acho que sei o que está pensando, mas não é isso... Me sinto mal por você ter beijado um monstro como eu. Tenho certeza que se arrependerá.

Isa suspirou pensativa, tentando organizar os pensamentos que lhe passavam de maneira atropelada. Não conseguiu entender bem o porquê de fazer tal coisa. No entanto, a Fera não lhe parecia tão ruim assim quando você parava para olhá-lo minuciosamente. Deu um leve sorriso em resposta.

A Bela e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora