Único: It Felt So Good

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Horário do intervalo

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Horário do intervalo. Jungkook amava aquele som. Quer dizer, apenas quando tocava liberando-o de algo que não gostava. Isso incluía seu colégio em um todo. Ter que frequentar aquela instituição de ensino todos os dias era como um pesadelo, todavia, consiga ser bastante real. Ele não era muito religioso, mas agradecia a Deus toda manhã por estar mais próximo de prestar os exames finais. Sobreviver àquele inferno é mais fácil quando se tem pessoas legais ao seu redor que ou são gentis, ou, ao menos, te respeitam. Ah, Jungkook já desejou bastante que sua vida fosse assim. Quando você é diferente dos outros, é comum terem tal comportamento agressivo uma vez ou outra — em noventa e oito per cento do tempo, nesse caso. Ora recebia essa excessiva atenção negativa, ora era tratado de maneira indiferente, logo, ele se conformou e percebeu que o mais agradável seria ignorá-los.

Jungkook queria, o mais rápido possível, chegar à arquibancada externa. O local ficava vazio nesse horário e era perfeito para ele comer calmamente — se lembrasse disso. Guardou suas coisas antes de sair da sala com apenas uma das alças da mochila sob os ombros. Não dirigiam-lhe olhares tortos por aquele gesto, estavam acostumados. Da última vez que deixou a bolsa contendo todas suas coisas (com exceção do inseparável fone de ouvido) na sala de aula, as consequências não foram agradáveis. Inicialmente, pensou tê-la perdido e quando encontrou, desejou não ter achado.

Faltavam alguns minutos para o sinal tocar e os professores continuarem as aulas. Jungkook ainda sentia o gosto que o suco de melancia deixara em sua boca quando voltou à sala de aula. Era apenas mais um dia normal, porém ele percebia algo diferente. Assim que entrou na classe, todos o encaravam, alguns tentando disfarçar risadas. Sua mente dizia-lhe que havia algo errado. Mesmo sabendo que estava sendo observado, andou normalmente até sua carteira. De repente todos se calaram, como em um espetáculo, aguardando a próxima ação do protagonista — que nesse momento tentava entender porque foi o escolhido. Jungkook sentou e fixou o olhar no seu caderno, ainda desconfortável com aquela situação.

— Jeon — disse uma menina que ele reconheceu somente como aluna da mesma turma —, você pode me emprestar o dicionário de inglês? Eu esqueci o meu.

Ele pensou se o havia trazido e assim que confirmou, abaixou-se para pegar a mochila no chão, ao lado da mesa. Enquanto movia o zíper algo chamou sua atenção. Haviam pequenas manchas no tecido que não estavam ali antes, e não se lembrava de ter derramado alguma coisa. Ao abrir completamente o bolso maior seus olhos se arregalaram.

— Da próxima vez vai ser no seu rostinho, Jungkook-ah — uma voz grave e carregada de desdém se pronunciou.

Tudo que estava ali dentro encontrava-se coberto por líquido branco e de aparência viscosa. Os alunos que apenas assistiam a cena desataram a rir. E Jungkook implorou para que aquilo não fosse o que ele pensava, mas tragicamente era.

No dia seguinte ao acontecido, o garoto não conseguiu ir à escola, nem no dia seguinte a esse, nem no outro. Ele não era capaz de diferenciar o ódio, a tristeza, a angústia, a solidão, todos os sentimentos que tomaram conta de si. Foram várias semanas recebendo bilhetes ofensivos, sendo motivo de chacota, e claro, nada oficialmente solucionado pelo colégio. Contudo, ele sabia que mesmo pedindo transferência, não conseguiria então, só restava-lhe voltar à rotina.

First Time He Kissed a BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora